sábado, 21 de maio de 2011

A retirada das abelhas sem ferrão das matas

Esta prática é bastante comum na “minha” região, e isso tem contribuído, ao longo do tempo, para o desaparecimento prematuro de algumas espécies, dentre elas: a Tubiba, a Cupira, a Moça-branca, a Pimenta, o Zamboque, o Mosquito-remela, enfim. Aqui nas imediações do Sítio não as encontramos mais. Pode ser que exista alguma em outras localidades, mas com certeza, em um número bastante reduzido.

Outro dia, o meu tio Eduardo encontrou uma abelha Jandaíra em um pé de Imbuzeiro, numa área de mata, cercada e conservada por ele (a única do lugar). Meu primo Zé Ivan do Meliponário Santa Rita e eu achamos melhor não retirá-la.

(Figura 1 - Construção do Meliponário Santa Rita)

Não nos preocupamos, visto que, tio Eduardo é uma pessoa bastante respeitada e, por essa razão, acreditamos que ninguém entraria lá para capturá-la. Deixaríamos em seu habitat, pois serviria para furtarmos família uma vez por ano e, quem sabe, mostrarmos a alguém que se interessasse em conhecer a Jandaíra em seu ambiente natural. Dentre outras razões.

Não demorou muito, veio um filho de Deus e, com o auxílio de um machado, deu para perceber pelos cortes, retirou a abelha, ou melhor, matou a abelha em troca de alguns poucos potes de mel e saburá (pólen). Poucos por que não estava no período das abelhas fazerem mel.

Sabemos da importância das abelhas nativas, principalmente para a reprodução das plantas, por meio da polinização e, diga-se de passagem, realiza essa tarefa com maestria, pois é responsável por cerca de 60 a 90% da polinização das plantas. Sabemos também que, é aconselhável retirá-las da natureza caso esta se encontre em situação de risco, como uma área que está prestes a ser desmatada, por exemplo.

O que se deve fazer? Infelizmente a retirada destas abelhas das matas é uma prática cultural que vem se arrastando desde nossos antepassados. Meu avô, meu bisavô, tataravô e aí por diante.

Às vezes, me deparo com a seguinte dúvida, - eu retiro a abelha? E se de repente alguém chegar e destruir a abelha, como aconteceu com a abelha do tio? Será que ela estaria melhor amparada no meliponário?

Ainda bem que, eu tive a oportunidade de retirar essas abelhas apenas duas vezes. Vejam só o que nós aqui do MCV recomendamos.

Se a abelha estiver em uma Imburana, ou em outra árvore que seja possível a sua germinação por meio da estaquia (pega através do galho), após a retirada desta, que você replante, pelo menos, 05 galhos. E em seguida, quando chegar ao meliponário...

(Figura 2 - Replantio de galho de Imburana com abelha Jandaíra)

(Figura 3 - O galho já está brotando)

(Figura 4 - Dentro de alguns anos será uma bela árvore)

Faça o replantio do tronco, se possível.


(Figura 5 - Produção de mudas para reflorestamento)  

(Figura 6 - Muda de Caibeira já com 3 anos de plantada )

(Figura 7 - Mudas de Mulungu e Jucá também foram plantadas)

 Fazemos nossa parte. Faça também a sua.


Um grande abraço.


São Paulo do Potengi-RN, 21 de maio de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário CamposVerdes

3 comentários:

  1. Amigo João,
    parabéns,pelo ótimo exemplo de conservação de nossa caatinga,como vc disse:temos que fazer a nossa parte,e isso por menor quie seja,tem seu efeito,inclusive servindo de incentivo,para os vizinhos,parentes e conhecidos...

    Abraço.
    Paulo Romero.
    Meliponàrio Braz.

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  2. Obrigado amigo, estamos juntos nesta caminhada. Um abraço.

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  3. Estou com uma área para ser reflorestada aqui no Ceará. Já comecei a missão. Gratidão por compartilhar o exemplo.

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