terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um pouco de história, Apicultura e Meliponicultura


Na semana de 05 a 09 de novembro estive na cidade de Felipe Guerra interior do Rio Grande do Norte. Para nos situarmos um pouco quanto à esfera geográfica, Felipe Guerra localiza-se na região do Alto Oeste e na microrregião da Chapada do Apodi, faz fronteira com Caraúbas, Apodi e Governador Dix-Sept Rosado, distando 328 km de Natal, isso para a realização de um curso de Apicultura Básica pelo SENAR-RN. Tantas horas de estrada me valeram experiências valiosíssimas e, acima de tudo, sólidas amizades.

Felipe Guerra é aquela cidade que todo sulista que tem a impressão errônea que o Nordeste “é o atraso do país”, que só existe seca, aridez, terra rachada, miséria e mais uma infinidade de topônimos culturalmente criados e muitas vezes veiculados pela indústria midiática devia conhecer.

Outro dia conversando com um colega ele me falou que havia conhecido uma mulher que viera do Rio Grande do Sul morar aqui no Rio Grande do Norte e, ela o repassou que quando chegara a cidade de Caicó ficara abismada por se deparar com um semáforo, por que a informação que ela tinha lá era que aqui só existia algo parecido com o que eu acabara de expor em linhas anteriores. Saindo um pouco das formalidades da escrita – tem cabimento uma coisa dessas???

Felipe Guerra é uma cidade pequena, tranquila, pacata; uma população estimada em 6 mil habitantes; povo acolhedor, companheiro, generoso; delegacia munida de um policial que dá conta dos afazeres e, diga-se de passagem, que afazeres! Fiquei hospedado em uma residência ao lado da delegacia durante uma semana e só o avistei uma única vez; reservas naturais que estão entre as mais importantes do Brasil; patrimônio histórico preservado e portadora de uma história que deixaria muitos abelhudos curiosos.

(Figura 1 – A bandeira da cidade de F. Guerra contém abelhinhas)

A começar pela sua bandeira, onde um dos mais importantes símbolos são as abelhas - Felipe Guerra, lá pelos idos de 1818 nasceu com o nome de Pedra de abelhas, isso se deu em virtude da ocorrência de grande número de abelhas que existia na região alojados em um enorme bloco de calcário, ainda hoje existem pedras com essa conformação, muito embora a exploração desordenada tenha contribuído significativamente para a sua diminuição. Era justamente nos espaços ocados dessas pedras que as abelhas nidificavam, pois encontravam o abrigo ideal para estabelecer sua moradia.

(Figura 2 – Possivelmente o local que dera origem ao nome Pedra de Abelhas)

Neste período Pedra de Abelhas era distrito de Apodi, posteriormente quando fora desmembrado passou a se chamar Felipe Guerra no ano de 1963. A única crítica, tratando-se de uma visão pragmática da nova História e bem particular de minha parte seria, por que não puseram o nome da cidade homenageando algum agricultor, morador, ou mesmo aquele que erguera o primeiro alicerce da localidade? Tem-se que fazer referência a alguma figura ilustre? Felipe Guerra era morador de outra cidade (Campo Grande), era bacharel em Direito, foi deputado, desembargador, enfim, um homem influente.

O município de Felipe Guerra hoje encontra-se divido em duas partes, Cidade Alta – casas construídas após sua fundação e a Cidade Baixa, onde ficam todo o seu patrimônio histórico – as edificações que foram construídas em fins do século XIX e início do XX. A construção das moradias no lado mais alto se deu em virtude das constantes cheias do rio que inundavam quase toda a Cidade Baixa. Há relatos de que, boa parte dos moradores possuem residências na Cidade Alta, pois quando há riscos de cheias, estes deixam a Cidade Baixa e se dirigem para a Cidade Alta. Existem depoimentos também de que durante as enchentes as pessoas trafegavam de canoa por entre as ruas inundadas.

(Figura 3 - Imagem da avenida central da Cidade Alta)

(Figura 4 - Homenagem ao centenário de Tilon Gurgel do Amaral)

(Figura 5 - Detalhe da entrada do antigo mercado público municipal)

(Figura 6 - Matriz de F. Guerra)

(Figura 7 - Casa construída em 1914)

(Figura 8 - Registro das maiores enchentes já ocorridas na localidade)

(Figura 9 - Arquitetura antiga da cidade)

No quesito belezas naturais, aí nem se fala, realmente essa terra foi agraciada com uma das maiores dádivas Divina. Apenas apreciem algumas imagens as quais tive a oportunidade de registrar:

 (Figura 10 - Riacho permanente)

 (Figura 11 - Área do olheiro)

 (Figura 12 - Local destinado aos banhistas)

 (Figura 13 - Águas cristalinas) 

 (Figura 14 - Região do olheiro)

 (Figura 15 - Flor de vegetação aquática)

(Figura 16 - O Flamboiant exibindo suas inflorescências)

(Figura 17 - Rio com mata ciliar preservada)

Quando fui convocado para ministrar este curso, comentei com o meu irmão que é engenheiro agrônomo e que desenvolve um trabalho de pesquisa com o arroz vermelho na região do Vale do Apodi, (a título de informação, as regiões do Vale do Apodi e do Açu, possui os solos mais férteis do mundo, segundo um professor meu de História do RN) e ele me adiantou que eu fosse bem munido de informações, pois os agricultores dali eram bem diferentes (vivenciavam uma outra realidade) dos de nossa região. Percebe-se isso na diversidade da produtividade agrícola, no interesse pelo conhecimento, enfim.


Algumas atividades agrícolas:

 (Figura 18 - Plantio de arroz)

 (Figura 19 - Área consorciada)

 (Figura 20 - Plantio de mangueira)

(Figura 21 - Plantio de bananeira)

Quanto às opções de turismo, Felipe Guerra dispõe de cachoeiras no período das chuvas; cavernas com decida em rapel; castelo; uma casa em que teria sido abrigo do bando de Lampião quando de sua estada na região Oeste potiguar; olheiros; balneários, um espaço atrativo para um bom laser.

(Figura 22 - Castelo)

(Figura 23 - Imagem internet)

A caverna do Trapiá em Felipe Guerra foi mapeada recentemente e encontra-se hoje dentre uma das mais importantes do país.

Em um espaço tão propício à prática da Meliponicultura, jamais poderíamos deixar de citá-la no decorrer do curso:

 (Figura 24 - Retirando crias para uma divisão)

 (Figura 25 - já tem um camarada aqui se preparando pra correr)

 (Figura 26 - Meliponário bem organizado)

 (Figura 27 - Confeccionamos um caixa padrão INPA na serraria do Luisinho)

 (Figura 28 - Nossa divisão)

 (Figura 29 - Pastor Deusdete segurando a caixa)

 (Figura 30 - Matriz de Jandaíra)

(Figura 31 - Realizando os procedimentos de divisão)

No curso de Apicultura em si, compreendo que aprendi muito mais. Houve a participação de apicultores já capacitados, alguns tinham entre 50 e 80 colmeias; outro que trabalhava em uma fazenda no Ceará com Apicultura migratória, foi bastante proveitoso no sentido de dinamizarmos a prática, onde todos tiveram a oportunidade de expor suas vivências, mostrando qual o melhor manejo para a sua realidade.

(Figura 32 - Articulador do Sindicato Rural de Apodi Raimundo Pinto)

(Figura 33 - Pastor Deusdete proferindo as palavras de abertura)

(Figura 34 - Turma reunida para realização das aulas teóricas)

(Figura 35 - A turma se preparando para um procedimento de captura)

(Figura 36 - Ladeado das duas autoridades: o companheiro Merelo e o Pastor)

(Figura 37 - Localização do enxame no alto de uma mangueira)

(Figura 38 - Últimos ajustes na indumentária da Senhora)

(Figura 39 - Merelo prestando contribuindo com o uso da fumaça)

(Figura 40 - Companheiro Jair já se encontra serrando o galho da mangueira)

(Figura 41 - Realizando a transferência dos favos)

(Figura 42 - Abelha capturada)

(Figura 43 - O Jair já se encontra no 3º andar posicionando a caixa no mesmo lugar)

(Figura 44 - Companheiro Fládson fazendo o que gosta)

(Figura 45 - A turma preparando a alimentação artificial)

(Figura 46 - Equipamentos apícolas na casa do mel)

(Figura 47 - Inspeção no apiário do Deusinho)

(Figura 48 - Imagem da rainha)

(Figura 49 - Aqui está o Merelo apreciando uma branquinha no momento da socialização )

(Figura 50 - A despedida - Merelo, eu, Jair e Deusinho)

Aqui deixo o meu agradecimento a todos os que participaram do curso, em especial ao Pastor Deusdete e família pela acolhida e presteza, por oferecer seu teto a uma pessoa por hora desconhecida; a Deusinho, Luisinho, Márcio, Jair e ao grande Merelo. Sem dúvida, foram momentos muito pertinentes não apenas ao que se relaciona à construção do conhecimento mas, também me fizeram crer que existem muitas pessoas, nesse mundo desmantelado, de coração bondoso, como as que tive a felicidade de conhecer por lá. Fico na certeza de um dia poder voltar a região, ou de recebê-los por aqui, para mim seria uma grande alegria e satisfação poder retribuir com o que me fora proporcionado. Desejo a todos um ano novo repleto de bênçãos, que venham carregadas de realizações. 
  

Um grande abraço,

São Paulo do Potengi/RN, em 19 de dezembro de 2012.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes