terça-feira, 17 de março de 2015

Estudo de propriedades da geoprópolis produzida pela abelha Jandaíra (M. subnitida) na região do Potengi

 (Figura 1 – Colônia de Jandaíra com boa capacidade de produção da geoprópolis)

Recebemos em nosso meliponário a visita da Sra. Déborah e família, para a coleta de amostras da geoprópolis produzida pela abelha Jandaíra, em diferentes regiões do Estado. Como espaço de ocorrência natural desta espécie, a região do Potengi foi contemplada e o nosso meliponário teve a imensa satisfação de contribuir com esta pesquisa. Pesquisa esta que resultará em sua tese, que será apresentada ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica de Medicamentos (PPgDITM) da Universidade Federal Rural do Pernambuco – UFRPE, em cumprimento às exigências de seu doutoramento.

(Figura 2 – Coleta de amostras)

(Figura 3 – Colônia doadora)

Abaixo uma breve descrição do que comporá as linhas deste trabalho, enviada pela Déborah.

“O trabalho objetiva estudar a geoprópolis produzida pela abelha Jandaíra sob os aspectos: palinológico, químico e biológico. Será realizada análise palinológica de cerca de 30 amostras coletadas na região do semiárido norte-rio-grandense. A seguir, serão obtidos extratos alcoólicos (EAGJ) dessas amostras, dos quais se determinará os perfis químicos por cromatografia em camada delgada (TLC) e cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a um detector de matriz de díodos (LC-UV/DAD). Após esta etapa, será feito o isolamento, a purificação e a identificação estrutural dos constituintes principais de cada amostra. Os EAGJ serão avaliados, ainda, quanto ao seu potencial como agente antibacteriano in vitro (contra estirpes de micro-organismos responsáveis por infecções respiratórias), e antitumoral in vitro, através do ensaio de redução do sal de tetrazólio (MTT).”

(Figura 4 – Déborah e seu esposo)

(Figura 5 – Déborah e eu)

Ficamos felizes em ajudar neste trabalho, na certeza de que a cada dia a meliponicultura vai se fortalecendo ainda mais.

Sucesso no seu trabalho Déborah.

Durante a visita fomos conhecer a vigia da nossa serraria, esta Rolinha já tirou 8 ninhadas neste mesmo ninho. Já se acostumou com nossa presença. Vez por outra até arrumamos o ninho, pois o peso por causa da acumulação dos detritos acaba tombando o ninho.  

(Figura 6 – Ave conhecida como Rolinha branca)


Um grande abraço,

São Paulo do Potengi/RN, em 17 de março de 2015.


João Paulo Evangelista de Medeiros

Meliponário Campos Verdes

segunda-feira, 9 de março de 2015

Café com meliponicultura

Já pensaram em uma manhã ensolarada; um alpendre ventilado, ouvindo autoridades falarem sobre meliponicultura; à frente uma bela vista de um meliponário com prateleiras completas de abelhas Uruçus, observando o frenesi das campeiras na labuta pelo alimento e dos zangões à espera de princesas; e um cafezinho do lado? Pois é, amigos! Tive essa aprazível manhã, sexta feira (06/02), se bem que a conversa se estendeu pela tarde e enveredou pelos primeiros minutos da noite.

Combinamos, o amigo Mário Márcio e eu, de visitarmos o amigo Rivan lá em seu meliponário na cidade de Macaíba, região ali, nas adjacências de Natal. Confirmado o encontro fui até a cidade, fiz parada no sinal ainda na BR, dirigi meu olhar para estrada que dá acesso a Escola Agrícola e em fração de segundos rememorei tudo aquilo que vivenciei nos tempos em que estive por lá, e me indaguei com certo ar de espanto: - já faz doze anos que passei por aqui? “Tô” ficando velho mesmo!

Posso acrescentar que aquela Instituição contribuiu e muito para com a minha formação enquanto cidadão. Tive meu caráter moldado, onde aprendi a respeitar, a ter responsabilidade, viajar, trabalhar, estudar, dificuldades, meu contato com a agricultura familiar, com abelhas, enfim. Caberiam aqui dezenas de linhas explicitando a importância e a minha gratidão àquela Escola. Foi, sem dúvida, minha escola da vida.

Sentimentalismo à parte, Mário Márcio e eu nos topamos e fomos ao encontro do Rivan, que já estava a nos esperar em seu futuro meliponário. Chegamos, conhecemos as instalações ainda em edificação e o Rivan nos falou deste seu empreendimento.

(Figura 1 – À frente o Rivan nos mostrando as instalações de seu futuro meliponário)

Em seguida, fomos convidados a conhecer um pouco das imediações do meliponário. Logo percebemos a riqueza do ambiente. Um local onde Caatinga e Mata atlântica se irmanam. De imediato vimos um Tejuaçu ou Tejo, como é popularmente conhecido em nossa Região, fugindo em disparada, amedrontado com a nossa presença. No caminho contornado pela vegetação nativa vimos espécies tanto de um bioma quanto de outro: Jurema-preta, Velame, Juazeiro e Jenipapo, Cajarana, Aroeira-da-praia e mais a frente uma intensa formação de mangue, acompanhando o rio Jundiaí, tortuoso em seu trajeto.

(Figura 2 – Vegetação nativa no entorno do meliponário)

Quero aqui abrir um parêntese e parabenizar o Rivan pela sua iniciativa e por esse projeto sublime. O meliponário que está sendo especialmente construído pelo próprio Rivan, que nas horas vagas põe a mão na massa e se apresenta como mestre de obras irá abrigar diversas espécies de abelhas sem ferrão, onde serão utilizadas, também, como ferramenta de educação ambiental e, o mais importante, será aberto para visitação, principalmente de alunos da rede pública de ensino, onde terão a oportunidade de vivenciar bem de perto o fascinante universo das abelhas nativas.

Deixamos o meliponário futuro e fomos a sua residência, onde o Rivan maneja com maestria a abelha Uruçu. Lá é que o negócio é aconchegante! Em cada espaço possui um meliponário com quatro prateleiras para a acomodação das abelhas; abelhas por todos os lados, estas possuidoras de ótima genética, pois vieram de vários recantos do NE, matrizes vindas do Pernambuco, da Bahia e de outras localidades reforçam seu plantel; possui ainda uma serra elétrica onde o mesmo fabrica suas caixas; plantas melíferas; um encanto aos olhos de qualquer meliponicultor.

(Figura 3 – Este meliponário costuma recepcionar os visitantes, está logo à frente do portão de entrada)

(Figura 4 – Este outro pega na sua mão e diz: - Entre e aprecie)

(Figura 5 – Este complementa: - Acomode-se e continue observando)

(Figura 6 – Esta é a casa das Uruçus amarelas, muito convidativa, diz: - Entre, não é necessário bater na porta nem tirar as alpercatas)

(Figura 7 – Matriz de Uruçu amarela)

(Figura 8 – Uruçu amarela alojada em toco)

(Figura 9 – Área dos potes de alimento)

Após a abertura das caixas, inspecionando matrizes e divisões recentes, nos sentamos para prosear.

(Figura 10 – Boa reserva de alimento em matriz de Uruçu nordestina)

(Figura 11 – Divisão recente de Uruçu nordestina)

(Figura 12 – Abelha com boa capacidade para a produção de mel)

(Figura 13 – Rivan mostrando-nos sua serra utilizada na confecção das caixas)

(Figura 14 – Hora-pro-nóbis, planta melífera cultivada pelo Rivan)

Aí, já se sabe como é conversa de meliponicultor! Meus amigos, o Rivan e o Mário Márcio travaram uma conversa sobre genética de abelha. Um determinismo biológico que está além da minha capacidade de entendimento (rs rs rs ), que constitui a nova pesquisa do Rivan acerca do tamanho da abelha. Outros assuntos também foram altercados como: alimentação artificial, a criação em larga escala, o comércio de meliponíneos, medidas das caixas, enfim. Lembramos ainda que o amigo Paulo Romero está em débito conosco. Cadê a vossa visita por essas bandas rapaz?

São apenas 3 horas da tarde, nossa andança não encerra por aqui. Despedimos-nos do Rivan e fomos para Natal, desta vez, ao meliponário do amigo Mário Márcio. Mário Márcio é o meliponicultor que conheço que mais adquiriu conhecimento sobre abelhas sem ferrão em tão pouco tempo. Nos conhecemos em julho quando o mesmo viera até minha cidade, na ocasião levou 2 enxames de Jandaíra, daí não parou mais. São 09 espécies de meliponíneos e uma de abelha solitária que acabou por ocupar uma caixa vazia de mosquito (Plebeia sp). Já não discuto com ele, tenho receio de opinar e está equivocado (rs rs rs), apenas sento e ouço as suas experiências, provenientes de muita leitura e manejo das suas adoráveis abelhas.

(Figura 15 – Abelha Jandaíra)

(Figura 16 – Abelha Mosquito)

(Figura 17 – Abelha Canudo)

(Figura 18 – Abelha Jataí)

(Figura 19 – Abelha Mandaçaia)

(Figura 20 – Abelha Uruçu nordestina)

(Figura 21 – Abelha Uruçu amarela)

(Figura 22 – Abelha solitária)

(Figura 23 – Fornecimento de cera à vontade)

(Figura 24 – Abelha Jandaíra na flor de Mutre)

(Figura 25 – Plantas melíferas e nativas)

(Figura 26 – Meliponário das Uruçus nordestinas)

(Figura 27 – Meliponário das Uruçus amarelas)

São 18:30. Já é hora do meu regresso, quase perdi o ônibus que me traria para os braços da minha adorada terra, ao aconchego do meu lar.

Deixo aqui meu agradecimento ao Rivan pelo Mutre (Aloysia virgata) dos quais resultaram em 8 mudas e, principalmente pela acolhida (passamos quase o dia inteiro tomando seu tempo) que teve para com a gente. Externo também minha gratidão ao nobre amigo Mário Márcio. Um dia, sem dúvida, que nossos conhecimentos foram regados com meliponicultura e um ótimo cafezinho.

(Figura 28 - Mudas de Mutre já germinadas)

(Figura 29 – As três figuras Rivan, Mário Márcio e Eu)  


Um grande abraço,

São Paulo do Potengi/RN, em 09 de março de 2015.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes
 



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Em breve: Expedição Cupira

Estamos preparando uma postagem, contando a nossa expedição à serra da Fé no município de Barcelona/RN, mostrando um pouco da intimidade de uma das abelhas mais fascinantes da Caatinga: a Cupira (Partamona seridoensis).

(Figura 1 – Ao fundo a serra da Fé)

(Figura 2 – Seu Zé de Cesário, um dos maiores cientistas populares de nossa Região)

(Figura 3 - Ninho natural da abelha Cupira)

Aguardem.


Um grande abraço,


São Paulo do Potengi/RN, em 07 de fevereiro de 2015.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

  

Intensificam-se os trabalhos com a esperança de um ano próspero de chuvas

A fé de que sejamos agraciados com um ano bom de inverno resiste no coração de todo sertanejo. Não é fácil para o homem do campo conter o sofrimento, e até mesmo as lágrimas diante da impiedosa seca que tem se arrastado nos últimos 4 anos, e em sua trajetória  vitimado suas lavouras, seus animais, menos a fé e a esperança de que com o retorno das chuvas, a fartura possa-lhe devolver o sorriso, o brilho no olhar e a abundância em sua mesa.

Não estamos ainda em colapso, alguns reservatórios no Estado têm suprido a necessidade de muita gente, outros, nem tanto.

Cientistas têm se reunido e debatido sobre as questões climáticas, hora aponta para um ano abaixo da média, hora acima; a sabedoria popular mostra indícios, através das experiências, que o ano é bom... E assim vamos aguardando que o Santo responsável pela abertura das torneiras do céu volte das férias. 

Por outro lado vamos nos organizando à espera das chuvas.

(Figura 1 – Manejando as abelhas)

Preparando as colônias para a produção de mel e de novas colônias.

(Figura 2 - MCV 1 no sítio do meu avô)

(Figura 3 - MCV 2 no sítio do meu tio Eduardo - in memoriam)


(Figura 4 - MCV 3 no sítio citado acima)

(Figura 5 - MCV 4 na propriedade do amigo Tita)

(Figura 6 - MCV 5 na residência do meu tio Toinho)

Também preparamos nossa serraria. Estamos nos organizando para a confecção das caixas para as futuras divisões.

(Figura 7 - Imagem da bancada utilizada para o corte da madeira e o lixamento das caixas) 

(Figura 8 - Imagem das ferramentas que utilizamos na confecção das caixas)

(Figura 9 - Caixas horizontais Nordestinas em construção)

(Figura 10 - Caixas verticais em construção)

(Figura 11 - Tábuas usadas na construção das caixas)        

Tudo conforme a vontade do supremo Criador.


Um grande abraço,

São Paulo do Potengi/RN, em 07 de fevereiro de 2015.


João Paulo Evangelista de Medeiros

Meliponário Campos Verdes

terça-feira, 29 de julho de 2014

Aula de Apicultura e Meliponicultura no PRONATEC

Tamanho regozijo expresso em meu sorriso tive dias atrás, quando recebi o convite do meu irmão Jonatan Levi, para compartilhar meus simplórios conhecimentos adquiridos ao longo de 09 anos na lida diária com as abelhas, durante a realização do Curso de Formação Inicial Continuada de Auxiliar Técnico em Agropecuária, ofertado pela Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ/UFRN, aos queridos alunos da cidade de Serra Caiada.

(Figura 1 – Turma do Curso de Auxiliar Técnico em Agropecuária)

Serra Caiada, interior potiguar situado entre as regiões do Agreste e Trairi, esconde, por entre ravinas e depressões rochosas características que lhes são peculiares. Um povo pacato e bastante acolhedor reside ali ao pé da Serra; um clima, neste período do ano, que suaviza nossos pensamentos, revitaliza nossas forças e, sobretudo, nos aproxima das obras Divina... A natureza, em sua caminhada, fez parada ali, deixando boas recordações de sua estada àquele lugar.

(Figura 2 – A Macambira adorna o caminho até a Serra)

(Figura 3 – Imagem da entrada da cidade de quem vem no sentido Tangará – Serra Caiada)

O paredão rochoso que concede sua graça ao lugarejo, remonta a milhões de anos. Estudos realizados evidenciam-no como o fragmento rochoso mais antigo da América Latina e um dos mais antigos do mundo, isso, em se tratando de nomenclatura geológica.

(Figura 4 – Imagem do paredão rochoso de Serra Caiada)

Eis um ambiente perfeito e bastante procurado para a prática de esportes radicais, como: passeios ecológicos, alpinismo, trilhas em bikes, visita ao monte, onde se ergue o cruzeiro, muito visitado por religiosos.

(Figura 5 – Prática do alpinismo na Serra)

(Figura 6 – Visita ao cruzeiro sobre o monte)

(Figura 7 – Passeio em bikes nas trilhas)

Informações identitárias à parte, retornemos ao mundo das abelhas. Foram três dias, onde abordamos de forma simplificada conhecimentos inerentes às atividades da Apicultura e Meliponicutura.

(Figura 8 – Imagem de uma colônia de Apis alojada em uma das fendas do pare
dão)

As aulas dividiram-se em duas etapas, em um primeiro momento as atividades ficaram restritas apenas a sala de aula, onde trabalhamos a teoria e vimos alguns apetrechos apícolas e caixa racionais de meliponíneos.

(Figura 9 - Exposição da teoria)

(Figura 10 - Identificando as caixas racionais de ASF)

(Figura 11 - Olhares atentos da turma)

(Figura 12 - A abelhinha Campos Verdes se fez presente)

No terceiro dia, durante a manhã fizemos uma visita ao Assentamento Três Corações, na propriedade do Sr. Moacir, um dos precursores da Apicultura naquela localidade, na ocasião nos mostrou a utilização do papel na composição da cera alveolada, salientando a economia; salientou-nos ainda que um dos grandes entraves da atividade é a comercialização, onde o mel permanece estocado por meses, e quando aparecem compradores trata-se de atravessadores que desvalorizam o produto, “levando quase de graça”, - reforçou; evidenciou sua luta para manter a associação sempre em operação; apreciamos um saboroso queijo de coalho com mel de apis, enfim uma manhã, digna de registro.

(Figura 13 - Ladeado da aluna Sheila Kátia e do apicultor Moacir)

(Figura 14 - O apicultor Moacir mostrando um quadro de melgueira, contendo papel como moldagem)

(Figura 15 - Durante a explanação do modelo de caixa mais difundido e utilizado pelos apicultores)

Um forte abraço a todos os alunos e alunas do curso, os quais me proporcionaram grandes momentos de aprendizado, solidariedade, companheirismo. Espero retornar em breve a cidade de Serra Caiada.
   
          

Um grande abraço,

São Paulo do Potengi/RN, em 29 de julho de 2014.


João Paulo Evangelista de Medeiros

Meliponário Campos Verdes