Na
semana de 05 a 09 de novembro estive na cidade de Felipe Guerra interior do Rio
Grande do Norte. Para nos situarmos um pouco quanto à esfera geográfica, Felipe
Guerra localiza-se na região do Alto Oeste e na microrregião da Chapada do
Apodi, faz fronteira com Caraúbas, Apodi e Governador Dix-Sept Rosado, distando
328 km de Natal, isso para a realização de um curso de Apicultura Básica pelo
SENAR-RN. Tantas horas de estrada me valeram experiências valiosíssimas e,
acima de tudo, sólidas amizades.
Felipe Guerra é aquela cidade que todo sulista que tem a impressão errônea que o Nordeste “é o atraso do país”, que só existe seca, aridez, terra rachada, miséria e mais uma infinidade de topônimos culturalmente criados e muitas vezes veiculados pela indústria midiática devia conhecer.
Outro
dia conversando com um colega ele me falou que havia conhecido uma mulher que
viera do Rio Grande do Sul morar aqui no Rio Grande do Norte e, ela o repassou que
quando chegara a cidade de Caicó ficara abismada por se deparar com um
semáforo, por que a informação que ela tinha lá era que aqui só existia algo
parecido com o que eu acabara de expor em linhas anteriores. Saindo um pouco
das formalidades da escrita – tem cabimento uma coisa dessas???
Felipe Guerra é uma
cidade pequena, tranquila, pacata; uma população estimada em 6 mil habitantes;
povo acolhedor, companheiro, generoso; delegacia munida de um policial que dá
conta dos afazeres e, diga-se de passagem, que afazeres! Fiquei hospedado em
uma residência ao lado da delegacia durante uma semana e só o avistei uma única vez;
reservas naturais que estão entre as mais importantes do Brasil; patrimônio
histórico preservado e portadora de uma história que deixaria muitos abelhudos curiosos.
(Figura
1 – A bandeira da cidade de F. Guerra contém abelhinhas)
A começar pela sua bandeira, onde um dos mais importantes símbolos são as abelhas - Felipe
Guerra, lá pelos idos de 1818 nasceu com o nome de Pedra de abelhas, isso se
deu em virtude da ocorrência de grande número de abelhas que existia na região alojados em um enorme bloco de calcário, ainda hoje existem pedras com essa conformação, muito embora a exploração
desordenada tenha contribuído significativamente para a sua diminuição. Era
justamente nos espaços ocados dessas pedras que as abelhas nidificavam, pois
encontravam o abrigo ideal para estabelecer sua moradia.
(Figura
2 – Possivelmente o local que dera origem ao nome Pedra de Abelhas)
Neste
período Pedra de Abelhas era distrito de Apodi, posteriormente quando fora
desmembrado passou a se chamar Felipe Guerra no ano de 1963. A única crítica,
tratando-se de uma visão pragmática da nova História e bem particular de minha
parte seria, por que não puseram o nome da cidade homenageando algum
agricultor, morador, ou mesmo aquele que erguera o primeiro alicerce da
localidade? Tem-se que fazer referência a alguma figura ilustre? Felipe Guerra
era morador de outra cidade (Campo Grande), era bacharel em Direito, foi deputado,
desembargador, enfim, um homem influente.
O
município de Felipe Guerra hoje encontra-se divido em duas partes, Cidade Alta
– casas construídas após sua fundação e a Cidade Baixa, onde ficam todo o seu
patrimônio histórico – as edificações que foram construídas em fins do século
XIX e início do XX. A construção das moradias no lado mais alto se deu em
virtude das constantes cheias do rio que inundavam quase toda a Cidade Baixa.
Há relatos de que, boa parte dos moradores possuem residências na Cidade Alta,
pois quando há riscos de cheias, estes deixam a Cidade Baixa e se dirigem para
a Cidade Alta. Existem depoimentos também de que durante as enchentes as
pessoas trafegavam de canoa por entre as ruas inundadas.
(Figura
3 - Imagem da avenida central da Cidade Alta)
(Figura
4 - Homenagem ao centenário de Tilon Gurgel do Amaral)
(Figura
5 - Detalhe da entrada do antigo mercado público municipal)
(Figura
6 - Matriz de F. Guerra)
(Figura
7 - Casa construída em 1914)
(Figura 8 - Registro das maiores enchentes já ocorridas na localidade)
(Figura 9 - Arquitetura antiga da cidade)
No
quesito belezas naturais, aí nem se fala, realmente essa terra foi agraciada
com uma das maiores dádivas Divina. Apenas apreciem algumas imagens as quais
tive a oportunidade de registrar:
(Figura 10 - Riacho permanente)
(Figura 11 - Área do olheiro)
(Figura 12 - Local destinado aos banhistas)
(Figura 13 - Águas cristalinas)
(Figura 14 - Região do olheiro)
(Figura 15 - Flor de vegetação aquática)
(Figura 16 - O Flamboiant exibindo suas inflorescências)
(Figura 17 - Rio com mata ciliar preservada)
Quando
fui convocado para ministrar este curso, comentei com o meu irmão que é
engenheiro agrônomo e que desenvolve um trabalho de pesquisa com o arroz
vermelho na região do Vale do Apodi, (a título de informação, as regiões do Vale do Apodi e do Açu, possui os solos mais férteis do mundo, segundo um professor meu de História do
RN) e ele me adiantou que eu fosse bem munido de informações, pois os
agricultores dali eram bem diferentes (vivenciavam uma outra realidade) dos de
nossa região. Percebe-se isso na diversidade da produtividade agrícola, no
interesse pelo conhecimento, enfim.
Algumas atividades agrícolas:
(Figura 18 - Plantio de arroz)
(Figura 19 - Área consorciada)
(Figura 20 - Plantio de mangueira)
(Figura 21 - Plantio de bananeira)
Quanto
às opções de turismo, Felipe Guerra dispõe de cachoeiras no período das chuvas; cavernas com decida em rapel; castelo; uma casa em que teria
sido abrigo do bando de Lampião quando de sua estada na região Oeste
potiguar; olheiros; balneários, um espaço atrativo para um bom laser.
(Figura
22 - Castelo)
(Figura
23 - Imagem internet)
A caverna do Trapiá em Felipe Guerra foi mapeada recentemente e encontra-se hoje dentre uma das mais importantes do país.
Em
um espaço tão propício à prática da Meliponicultura, jamais poderíamos deixar
de citá-la no decorrer do curso:
(Figura 24 - Retirando crias para uma divisão)
(Figura 25 - já tem um camarada aqui se preparando pra correr)
(Figura 26 - Meliponário bem organizado)
(Figura 27 - Confeccionamos um caixa padrão INPA na serraria do Luisinho)
(Figura 28 - Nossa divisão)
(Figura 29 - Pastor Deusdete segurando a caixa)
(Figura 30 - Matriz de Jandaíra)
(Figura
31 - Realizando os procedimentos de divisão)
No curso de Apicultura em si, compreendo que
aprendi muito mais. Houve a participação de apicultores já capacitados, alguns
tinham entre 50 e 80 colmeias; outro que trabalhava em uma fazenda no Ceará com
Apicultura migratória, foi bastante proveitoso no sentido de dinamizarmos a
prática, onde todos tiveram a oportunidade de expor suas vivências, mostrando
qual o melhor manejo para a sua realidade.
(Figura
46 - Equipamentos apícolas na casa do mel)
(Figura 47 - Inspeção no apiário do Deusinho)
(Figura 48 - Imagem da rainha)
(Figura 49 - Aqui está o Merelo apreciando uma branquinha no momento da socialização )
(Figura 50 - A despedida - Merelo, eu, Jair e Deusinho)
Aqui
deixo o meu agradecimento a todos os que participaram do curso, em especial ao
Pastor Deusdete e família pela acolhida e presteza, por oferecer seu teto a uma
pessoa por hora desconhecida; a Deusinho, Luisinho, Márcio, Jair e ao grande
Merelo. Sem dúvida, foram momentos muito pertinentes não apenas ao que se
relaciona à construção do conhecimento mas, também me fizeram crer que existem
muitas pessoas, nesse mundo desmantelado, de coração bondoso, como as que tive
a felicidade de conhecer por lá. Fico na certeza de um dia poder voltar a
região, ou de recebê-los por aqui, para mim seria uma grande alegria e
satisfação poder retribuir com o que me fora proporcionado. Desejo a todos um
ano novo repleto de bênçãos, que venham carregadas de realizações.
Um
grande abraço,
São
Paulo do Potengi/RN, em 19 de dezembro de 2012.
João
Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário
Campos Verdes
Meu amigo João Paulo,é com muita alegria que vejo o amigo passeando,na Cidade que tenho muitas lembranças, pois me criei até os 15 anos nesta cidade,sobre ás abelhas aquela aba da serra ás margem esquerda do rio Apodi,formação de pedra calcário,naquele local nidificava muitas apis foi dali que saiu o primeiro nome do povoado, pedra de abelha, e creio que até hoje,especialmente na época do inverno elas voltam, Sobre ás enchentes,vi basicamente a maior em 1985 mas, se o amigo olhasse ao contrario veria as eras de 3 sempre é seco,vamos rezar que não,porque o nosso povo está muito sofrido.
ResponderExcluirAbraço
Rivan Fernandes
Meiponário do litoral
Macaiba/RN
Amigo João Paulo!!
ResponderExcluirQue beleza de postagem e de lugar!!!!Realmente essa é uma região muito bonita e rica,pois tem belezas que enchem os olhos e nos alegram,pois nem só de "aperreio",vive o nosso nordeste;e vc mostrou bem isso nessa bela postagem!!
Abração.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
Meu caro amigo Rivan,
ResponderExcluirEssa é a esperança do homem do campo, já que boa parte estão em condições de desalento com o problema da estiagem, que ameça se estender ainda mais este ano que se avizinha. Mas vamos nos valer de orações para que Ele tome as providências e que multiplique a vida por meio da chuva.
Amigo, um forte abraço e muito grato mais uma vez pela contribuições a este espaço. Um natal repleto de alegrias e um ano novo de mais ainda.
Amigo Paulo Romero,
ResponderExcluirO nordestino, aquele oriundo de raízes campesinas, com certeza, neste período crítico de estiagem, enfrenta uma dura batalha no seu dia a dia. Mas não ostenta apenas sofrimento na vida, a zona rural nordestina, sabes bem disso, é imensamente rica em suas tradições e aspectos culturais, precisa-se perceber o quão é bonito os festejos juninos, natalinos, a pega e vacina de gado, o forró, a semana santa e mais uma infinidade de coisas que dão vida e identidade ao homem do campo nordestino.
Um grade abraço e que tenhas um ano novo de intensas alegrias.