(Figura 1 – Entrada natural da Rajada)
Informações detalhadas acerca do estudo da abelha Rajada podem ser encontradas no livro: Munduri (Melipona Asilvai): A abelha sestrosa. Série Meliponicultura – nº 07. Aqui trataremos, especificamente, de questões relacionadas às técnicas de criação e manejo que utilizamos, como também, de assuntos pertinentes que estamos procurando desmistificar através de nossas observações.
(Figura 2 – Matriz de Rajada)
Já há algum tempo tínhamos 2 Rajadas no meliponário, uma em um tronco de Imbuzeiro, a outra em uma caixa confeccionada com sobras de madeira – poderíamos chamá-la de tudo, menos de racional.
Nesse período, nós ainda não fabricávamos as caixas, estas eram encomendadas a um meliponicultor aqui do município. Segundo ele, as caixas teriam que obedecer a esse padrão - “INPA” (com adaptações), pois as abelhas Rajadas que ale havia criado não se adaptaram à caixa horizontal – Nordestina, por essa razão, adquirimos este modelo. A caixa é divida em 4 módulos, ambos com as mesmas medidas: 14 X 07 cm (medidas externas), geralmente, as caixas aqui em nossa região são confeccionadas com madeira que variam de 1,5 a 2,0 cm de espessura.
Passado algum tempo, resolvemos ampliar a criação desta abelha. Recebemos algumas doações, compramos outras. A partir daí, resolvemos construir um meliponário exclusivamente para elas (como citado em postagem anterior).
(Figura 5 – Agora elas têm seu próprio espaço)
Nosso próximo passo foi fazer as transferências das abelhas, pois algumas, ainda se encontravam em troncos, vejamos passo-a-passo como realizar essa tarefa:
A transferência consiste na passagem da abelha do tronco para a caixa, diga-se de passagem, trata-se do serviço mais trabalhoso, mais demorado, enfim.
(Figura 6 - Identifique a abelha)
(Figura 7 - Deixe uma caixa vazia no local do tronco)
(Figura 8 - Reúna as ferramentas)
(Figura 9 - Realize os cortes no tronco)
(Figura 10 - Abertura do tronco)
(Figura 11 - Acomodação na caixa racional)
(Figura 12 - Vedação da caixa com fita adesiva)
Depois de fazermos todas as transferências, na outra semana fizemos as inspeções. Os maiores inimigos das abelhas nativas por aqui (meliponário) são os forídeos – (este merece uma discussão a parte) e as lagartixas. Porém, hoje em dia, não constituem grande perigo. Contra as lagartixas adaptamos estas proteções e contra os forídeos, além das Rajadas serem bastante resistentes, provavelmente por ocasião do clima quente, espalhamos as armadilhas.
(Figura 13 - Preparando as armadilhas)
(Figura 14 - Armadilha contra forídeos e proteção contra lagartixas)
Sem maiores problemas constatados, fizemos nossa primeira divisão, e o resultado não poderia ser melhor:
Com relação ao que dizem algumas pessoas a respeito desta abelha, em nossa opinião, muita coisa é mito. E é isto que estamos tentando comprovar através das nossas observações. Por exemplo: já nos falaram que, a Rajada não gosta de vê gente, por conseguinte, não se adaptaria ao ambiente urbano. Trouxemos algumas para a cidade e se deram bem, o único problema foi o carro do fumacê que quase exterminou as colônias, por isso, tivemos que levá-las para o Sítio novamente. Outra questão é que, elas não permaneceriam por muito tempo em caixas horizontais, pois iriam embora. – abelha nativa não vai embora. Outro ponto, é que não se deve criá-las no mesmo ambiente das Jandaíras. Já fizemos a experiência, percebemos inclusive, interações sociais entre estas. E por aí vai, só para citar algumas.
Infelizmente a Rajada não é amplamente difundida, pois sua produção é pequena, por sua vez, não despertando o interesse em sua criação. Desta maneira, estas abelhas ficam a mercê de práticas extrativistas, da ação predatória dos meleiros (caçadores de abelhas), do desmatamento, das queimadas, podendo chegar ao trágico fato, num futuro não muito distante, de serem encontradas apenas, nas mãos de alguns poucos meliponicultores.
Um grande abraço.
São Paulo do Potengi-RN, 25 de maio de 2011.
João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes