quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Esses Forídeos são danados !!!


(Figura 1 – Dezenas de Forídeos visitando uma colônia nova)

Sem dúvida, os Forídeos são a maior preocupação do meliponicultor incipiente. Como já comentamos em postagem anterior, os Forídeos são mosquinhas velozes que causam um estrago enorme às colônias recém formadas, estas, principalmente, se mal manejadas. É aí onde “tá”, os Forídeos não causam prejuízo apenas às colônias novas. Esta semana durante a colheita do mel, ao abrirmos uma caixa verificamos a presença inoportuna da mosquinha ligeira.   

Até hoje, ainda não tínhamos verificado, sem maiores problemas, o seu comparecimento em colônias fortes, avistávamos um ou outro vagando por entre os potes, mas não nesse estágio.

(Figura 2 – Larvas de Forídeos)

(Figura 3 – Pote de pólen acometido pelas larvas)

Dentre outras razões, devemos manter todo o cuidado com os Forídeos, caso contrário podemos perder uma colônia rapidamente. Atentem, eles não perdem tempo!         


Um grande abraço,


São Paulo do Potengi-RN, 25 de agosto de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Por que Meliponário Campos Verdes?

Ainda quando criança, nos finais de semana no Sítio... Ouvia sempre meu tio João falar de sua fazenda a qual dera o nome de Fazenda Campos Verdes. Anos se passavam assim como as promessas, a mim e aos meus irmãos de um dia poder visitar as suas terras. Dizia ter muita terra; muitos açudes onde podíamos tomar banho; vacas grandes produtoras de leite, enfim, todo tipo de atividade produtiva cultivava em sua fazenda. E isso nos envolvia de satisfação, tamanha era a esperança de podermos conhecer a sua fazenda. Fomos crescendo, os finais de semana no sítio foi perdendo espaço para a rotina da cidade, e nada de tio João levarmos a tão sonhada fazenda.

Outro dia, minha mãe confessou que a Fazenda Campos Verdes da qual meu tio tanto falava, nada mais era do que um terreno que ele possuía em Parnamirim-RN, como passava muito tempo sem ir no terreno (chão de casa), no período das chuvas o mato cobria toda a extensão deste. É justamente daí onde provém o nome Campos Verdes.

Quando fomos escolher um nome para o meliponário, minha mãe sugeriu Raízes do Deserto. Pois nossas raízes estão intimamente fixadas a esta localidade – Sítio Deserto. Porém, resolvi batizá-lo de Meliponário Campos Verdes, pois se trata de uma atividade justa, solidária e, principalmente, por está em consonância com a natureza, assim como era a fictícia Fazenda Campos Verdes que tanto me inspirou e me fez sonhar.

(Figura 1 – Meliponário Campos Verdes)

Hoje trabalho em parceria com o tio João na apicultura e, diga-se de passagem, temos boas razões para comemorar a safra deste ano. Ainda não tínhamos, desde o nosso início na atividade em 2005, registrado uma safra tão promissora, já foram feitas 04 colheitas, atingindo uma média de 50 kg de mel por colmeia. O que é lamentável é que, em 2010 a seca tenha castigado tanto o nosso Sertão, ao ponto de registrarmos 85% de abandono das colmeias. Associamos a este fato dois aspectos pertinentes: temperaturas elevadas e pouca disponibilidade de recursos florais.

(Figura 2 - Tio João preparando-se para irmos ao apiário)

Nosso apiário:

(Figura 3 – Apiário Ferreira)

(Figura 4 – Transporte das melgueiras até o apiário)

(Figura 5 – Enxame recém capturado)

(Figura 6 – Júnior integrante da equipe)

(Figura 7 – Cabul e Pitoco)

O Cabul e o Pitoco nos acompanhando até o apiário... Eles “sabem” que tem que retornar deste ponto, as abelhas estão bastante fortes e, facilmente viriam recepcioná-los.

E, uma paradinha no caminho para verificar a exuberância da florada Pau-d’arco.

(Figura 8 – Pau-d’arco rosa)


Um grande abraço,

São Paulo do Potengi-RN, 19 de agosto de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes     




      

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O racional e o tradicional: práticas indissociáveis na meliponicultura


Esta semana fomos até a casa do amigo Tita, no Sítio Campo Grande. Suas terras fica há aproximadamente 3 km da cidade e é contornada pelas águas da barragem, esta foi construída em 1980, ou melhor, teve início nesta época, sendo que, a conclusão da obra foi adiantada devido à cheia de 84 que, alagou toda a bacia desta. A barragem de São Paulo do Potengi tem capacidade para armazenamento de 34 milhões de m³ d’água. Foi edificada principalmente para conter as águas do Rio Potengi, pois no período chuvoso avançavam sobre a cidade. Dentre outros motivos, destacamos a perenização do Rio, o abastecimento d’água e a utilização para a agricultura irrigada.

(Figura 1 – Barragem Campo Grande)

O Tita, assim como grande parte dos meliponicultores de nossa região, aprendeu a lidar com essas abelhas, ainda criança, com o seu pai, sendo esta prática bastante comum por aqui. O emprego das técnicas melipônicas são perpassadas ao longo das gerações. No caso do Tita, segundo relato do mesmo, seu avô também tinha o hábito de criar essas abelhas. “O mel retirado só dava para o consumo familiar...” Comentou ainda, da utilização deste para o tratamento de gripes e resfriados.

(Figura 2 – Tita)

A imagem acima mostra o Tita segurando um litro de mel, colhido um pouco antes de nossa chegada, visivelmente satisfeito com a boa safra deste ano, pois já colheu 13 litros. Segundo o mesmo este mel é da florada do Amarra cachorro, uma planta bastante comum em nossa região que, floresce no período das chuvas desaparecendo quando da estiagem. Seu mel é bem claro e tem sabor suave e agradável.  

(Figura 3 – Amarra cachorro – Bromelia sp)

Nobres colegas, antes de prosseguir com o texto, peço-lhes desculpas por essas produções sempre longas e enfadonhas, pois isso se dá em função de minha formação superior – Historiador. (Não que as produções historiográficas sejam tediosas rs rs). Mas é necessário, para a construção da narrativa historiográfica inserir o sujeito no tempo e no espaço.

Sem mais delongas, vamos conhecer algumas das técnicas de manejo utilizadas pelo Tita em sua lida diária com as abelhas Jandaíras.

Quanto à divisão das famílias, não emprega este método. Contudo, ele costuma espalhar nos arredores de casa caixas vazias. Segundo ele, no período da enxameação, muitas vezes acontece de capturar um enxame em alguma dessas caixas.         

(Figura 4 – Abelhas capturadas em 2009)

Nos mostrou ainda, esses enxames perto de sua casa, e afirmou ser filhas de suas abelhas.

(Figura 5 – Abelha Jandaíra em uma Imburana)

(Figura 6 – Abelha Jandaíra em uma Quixabeira)

(Figura 7 – Abelha Jandaíra em uma Pitombeira)

Após a abertura das caixas, faz a vedação com barro, segundo ele para evitar a entrada de insetos.

(Figura 8 – Preparação do barro)

(Figura 9 – Vedação com barro)

Já com relação às ferramentas, utiliza este formão e esse enzope para a retirada do mel, ambos fabricados por ele.

(Figura 10 – Formão e enzope)

Utiliza uma varinha para espantar víboras e lagartixas.

(Figura 11 – Ao fundo, meu pai e o Tita segurando a varinha)

Com relação aos Forídeos, quem os batizou de Borrachudos, habitua soprar o interior das caixas para afugentá-los.

O que me chamou a atenção no Tita foi sua paciência, sua dedicação e organização, mesmo não tendo a seu favor todo um aparato tecnológico de veiculação de informações, com o tempo, ele aprendeu muitas coisas, como por exemplo: as dimensões das caixas; o espaçamento entre os cortiços no meliponário, dentre outras.

(Figura 12 – Disposição das caixas sob o beiral da cocheira)

O que antes tratava-se das instalações para a bovinocultura de leite, hoje abriga dezenas de Jandaíras cuidadas com bastante carinho.

Depois de conversarmos um pouco, me propus a mostrar-lhe como realizar uma divisão. Meio acabrunhado e mostrando-me certo receio e ciúme de suas adoráveis, me perguntou, “mas, não está tarde?”... Ele sempre realiza o manejo entre 5:30 e 7:00 hs. Após mais um dedo de prosa convenci o Tita e, fomos à tarefa:

(Figura 13 – Retirada das crias)

(Figura 14 – Campeiras)

É sempre gratificante esse contato mais direto com o homem do campo, é onde se encontram teoria e prática na construção do conhecimento... O Tita ainda desenvolve outras atividades produtivas como a: fruticultura – cultivo da bananeira; a horticultura – coentro, cebolinha, alface e quiabo e o cultivo do feijão.                    

(Figura 15 - Horticultura)           

(Figura 16 - Fruticultura)        

Muito se fala nos dias de hoje, quando o assunto é meliponicultura, na difusão de técnicas de manejo racionais. Porém, devemos toda gratidão a pessoas como o Tita e tantos outros que, de forma tradicional cultuam a reminiscência de se manejar as abelhas nativas, fortalecendo ainda mais a ideia de que tradicional e racional caminhem inseparavelmente.

Um grande abraço,


São Paulo do Potengi – RN, 04 de agosto de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Um fato curioso

Estes dias, fui até o sítio para verificar o desenvolvimento de algumas colônias recém dividas e, me deparei com um fato, no mínimo, curioso. Constatei a presença das Moças brancas retirando algo das fitas adesivas que utilizo para a vedação das caixas. Por alguns instantes me pus parado observando e me questionando, em quê danado elas vão utilizar este material? Será que está associado ao seu mecanismo de defesa? Pois estas abelhas costumam se enroscar, geralmente, nos pelos do intruso, liberando sobre este algo bastante semelhante com resina. Algo bem pegajoso, grudento. Será que elas estão coletando a cola da fita?

Nobres colegas, para nós aqui do MCV, trata-se de um mistério a ser desvendado. Caso alguém tenha verificado e descoberto este enigma, fiquem à vontade, para realizarem apontamentos. Imensamente gratos.

(Figura 1 - Moça branca na coleta do material)

(Figura 2 - Enroscando-se nos pelos)

(Figura 3 - Observa-se as corbículas carregadas)

(Figura 4 - Esta acabara de chegar)


Um grande abraço,

São Paulo do Potengi-RN, 01 de agosto de 2011.

João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes