Já
pensaram em uma manhã ensolarada; um alpendre ventilado, ouvindo autoridades
falarem sobre meliponicultura; à frente uma bela vista de um meliponário com
prateleiras completas de abelhas Uruçus, observando o frenesi das campeiras na
labuta pelo alimento e dos zangões à espera de princesas; e um cafezinho do
lado? Pois é, amigos! Tive essa aprazível manhã, sexta feira (06/02), se bem
que a conversa se estendeu pela tarde e enveredou pelos primeiros minutos da
noite.
Combinamos,
o amigo Mário Márcio e eu, de visitarmos o amigo Rivan lá em seu meliponário na
cidade de Macaíba, região ali, nas adjacências de Natal. Confirmado o encontro
fui até a cidade, fiz parada no sinal ainda na BR, dirigi meu olhar para
estrada que dá acesso a Escola Agrícola e em fração de segundos rememorei tudo
aquilo que vivenciei nos tempos em que estive por lá, e me indaguei com certo
ar de espanto: - já faz doze anos que passei por aqui? “Tô” ficando velho
mesmo!
Posso
acrescentar que aquela Instituição contribuiu e muito para com a minha formação
enquanto cidadão. Tive meu caráter moldado, onde aprendi a respeitar, a ter
responsabilidade, viajar, trabalhar, estudar, dificuldades, meu contato com a
agricultura familiar, com abelhas, enfim. Caberiam aqui dezenas de linhas
explicitando a importância e a minha gratidão àquela Escola. Foi, sem dúvida,
minha escola da vida.
Sentimentalismo
à parte, Mário Márcio e eu nos topamos e fomos ao encontro do Rivan, que já
estava a nos esperar em seu futuro meliponário. Chegamos, conhecemos as
instalações ainda em edificação e o Rivan nos falou deste seu empreendimento.
(Figura
1 – À frente o Rivan nos mostrando as instalações de seu futuro meliponário)
Em
seguida, fomos convidados a conhecer um pouco das imediações do meliponário. Logo
percebemos a riqueza do ambiente. Um local onde Caatinga e Mata atlântica se
irmanam. De imediato vimos um Tejuaçu ou Tejo, como é popularmente conhecido em
nossa Região, fugindo em disparada, amedrontado com a nossa presença. No
caminho contornado pela vegetação nativa vimos espécies tanto de um bioma
quanto de outro: Jurema-preta, Velame, Juazeiro e Jenipapo, Cajarana,
Aroeira-da-praia e mais a frente uma intensa formação de mangue, acompanhando o
rio Jundiaí, tortuoso em seu trajeto.
(Figura
2 – Vegetação nativa no entorno do meliponário)
Quero
aqui abrir um parêntese e parabenizar o Rivan pela sua iniciativa e por esse
projeto sublime. O meliponário que está sendo especialmente construído pelo
próprio Rivan, que nas horas vagas põe a mão na massa e se apresenta como
mestre de obras irá abrigar diversas espécies de abelhas sem ferrão, onde serão
utilizadas, também, como ferramenta de educação ambiental e, o mais importante,
será aberto para visitação, principalmente de alunos da rede pública de ensino,
onde terão a oportunidade de vivenciar bem de perto o fascinante universo das
abelhas nativas.
Deixamos
o meliponário futuro e fomos a sua residência, onde o Rivan maneja com maestria
a abelha Uruçu. Lá é que o negócio é aconchegante! Em cada espaço possui um
meliponário com quatro prateleiras para a acomodação das abelhas; abelhas por
todos os lados, estas possuidoras de ótima genética, pois vieram de vários
recantos do NE, matrizes vindas do Pernambuco, da Bahia e de outras localidades
reforçam seu plantel; possui ainda uma serra elétrica onde o mesmo fabrica suas
caixas; plantas melíferas; um encanto aos olhos de qualquer meliponicultor.
(Figura
3 – Este meliponário costuma recepcionar os visitantes, está logo à frente do portão de entrada)
(Figura
4 – Este outro pega na sua mão e diz: - Entre e aprecie)
(Figura
5 – Este complementa: - Acomode-se e continue observando)
(Figura
6 – Esta é a casa das Uruçus amarelas, muito convidativa, diz: - Entre, não é necessário bater na porta nem tirar as alpercatas)
(Figura
7 – Matriz de Uruçu amarela)
(Figura
8 – Uruçu amarela alojada em toco)
(Figura
9 – Área dos potes de alimento)
Após
a abertura das caixas, inspecionando matrizes e divisões recentes, nos sentamos
para prosear.
(Figura
10 – Boa reserva de alimento em matriz de Uruçu nordestina)
(Figura
11 – Divisão recente de Uruçu nordestina)
(Figura
12 – Abelha com boa capacidade para a produção de mel)
(Figura
13 – Rivan mostrando-nos sua serra utilizada na confecção das caixas)
(Figura
14 – Hora-pro-nóbis, planta melífera cultivada pelo Rivan)
Aí,
já se sabe como é conversa de meliponicultor! Meus amigos, o Rivan e o Mário
Márcio travaram uma conversa sobre genética de abelha. Um determinismo
biológico que está além da minha capacidade de entendimento (rs rs rs ), que
constitui a nova pesquisa do Rivan acerca do tamanho da abelha. Outros assuntos
também foram altercados como: alimentação artificial, a criação em larga
escala, o comércio de meliponíneos, medidas das caixas, enfim. Lembramos ainda que
o amigo Paulo Romero está em débito conosco. Cadê a vossa visita por essas
bandas rapaz?
São
apenas 3 horas da tarde, nossa andança não encerra por aqui. Despedimos-nos do
Rivan e fomos para Natal, desta vez, ao meliponário do amigo Mário Márcio.
Mário Márcio é o meliponicultor que conheço que mais adquiriu conhecimento
sobre abelhas sem ferrão em tão pouco tempo. Nos conhecemos em julho quando o
mesmo viera até minha cidade, na ocasião levou 2 enxames de Jandaíra, daí não parou
mais. São 09 espécies de meliponíneos e uma de abelha solitária que acabou por
ocupar uma caixa vazia de mosquito (Plebeia
sp). Já não discuto com ele, tenho receio de opinar e está equivocado (rs
rs rs), apenas sento e ouço as suas experiências, provenientes de muita leitura
e manejo das suas adoráveis abelhas.
(Figura
15 – Abelha Jandaíra)
(Figura
16 – Abelha Mosquito)
(Figura
17 – Abelha Canudo)
(Figura
18 – Abelha Jataí)
(Figura
19 – Abelha Mandaçaia)
(Figura
20 – Abelha Uruçu nordestina)
(Figura
21 – Abelha Uruçu amarela)
(Figura
22 – Abelha solitária)
(Figura
23 – Fornecimento de cera à vontade)
(Figura
24 – Abelha Jandaíra na flor de Mutre)
(Figura
25 – Plantas melíferas e nativas)
(Figura
26 – Meliponário das Uruçus nordestinas)
(Figura
27 – Meliponário das Uruçus amarelas)
São
18:30. Já é hora do meu regresso, quase perdi o ônibus que me traria para os
braços da minha adorada terra, ao aconchego do meu lar.
Deixo
aqui meu agradecimento ao Rivan pelo Mutre (Aloysia
virgata) dos quais resultaram em 8 mudas e, principalmente pela acolhida (passamos
quase o dia inteiro tomando seu tempo) que teve para com a gente. Externo
também minha gratidão ao nobre amigo Mário Márcio. Um dia, sem dúvida, que
nossos conhecimentos foram regados com meliponicultura e um ótimo cafezinho.
(Figura 28 - Mudas de Mutre já germinadas)
(Figura 29 – As três figuras Rivan, Mário
Márcio e Eu)
Um
grande abraço,
São
Paulo do Potengi/RN, em 09 de março de 2015.
João
Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário
Campos Verdes