Nesta quinta feira, 21 de julho de 2011 nos dirigimos ao município de Lagoa de Velhos interior do Rio Grande do Norte. Dista 22 km de São Paulo do Potengi, apresentando com esta limitações geográficas ao Sul e ao Oeste. Cidade muito tranquila, pacata; de clima bastante agradável, provavelmente em virtude de sua localização que, é cercada por belas Serras; a hospitalidade, o culto às tradições e a religiosidade de seu povo, dentre outras características, fazem deste lugar um ambiente propício para uma vida saudável. O município de Lagoa de Velhos foi criado pela lei nº 2.797 de 11 de maio de 1962, sendo desmembrado de Sítio Novo. Está situado na Mesorregião Agreste Potiguar e na Microrregião Borborema Potiguar. Seu contingente populacional é de aproximadamente 3.100 habitantes (dados do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente - IDEMA-RN), sendo que, pouco mais da metade vive na zona urbana. Leva este nome devido às tradições cristalizadas na memória de seu povo e que, foram perpassadas ao longo das gerações através da oralidade. A história que os antigos moradores relatam é que havia um casal de velhos que residia às margens da lagoa nos idos de 1820, esta referência serviu, por sua vez, de batismo para a localidade. Existem outras referências quanto à origem do nome do povoado, porém, não nos debruçaremos acerca dos aspectos históricos e sim, da visita que fizemos as terras lagoenses.
Por intermédio do amigo Pablo Wilker, presidente da comissão de finanças do bloco ao qual faço parte, técnico em agropecuária do município e que reside aqui em São Paulo do Potengi, conheci o senhor Ranildo. Agropecuarista, homem bastante simples e de aspecto afável, tem nas dependências de sua propriedade um grande número de abelhas Jandaíras, espalhadas pela cocheira,
(Figura 1 - Troncos acondicionados na cocheira)
embaixo das árvores nos arredores de casa, em uma casinha (meliponário) já quase se desmontando pela ação do tempo. Detalhe, todas estas encontram-se ainda em troncos, retiradas das matas próxima a sua residência. Segundo Ranildo, possui estas Jandaíras já faz mais de 2 anos e, nunca se quer realizou algum tipo de manejo, nem mesmo, a retirada do mel.
(Figura 2 - Troncos acomodados no meliponário )
(Figura 3 - Observando as Jandaíras abrigadas à sombra de uma Algaroba)
(Figura 4 - Jandaíras sob os galhos de um Imbuzeiro no terreiro de sua casa)
Relatou-me que há algum tempo se mostrava interessado em aprender o manejo adequado, seguido de boa lucratividade com a venda do mel.
(Figura 5 - Mostrando-nos as Jandaíras fortes)
O Ranildo, apesar de nunca ter aberto uma Jandaíra, detém de alguns conhecimentos básicos como: citou algumas das árvores mais procuradas pelas Jandaíras para nidificação; falou-nos, também, da Malva branca uma das flores mais visitadas pelas Jandaíras; combate ferrenhamente as lagartixas pois, segundo ele é capaz de acabar com uma colônia em pouco tempo (corretamente); relatou-nos que "cada abelha tem a sua área, por exemplo, aqui tem mais Jandaíras mas, já chegando pros lados de Sítio Novo na aba da serra, tem mais Rajada"; demonstrou conhecer as diferentes espécies que ocorre na região de Caatinga; mostrou-nos as Jandaíras que mais trabalham, as que possuíam o maior fluxo de abelhas entrando e saindo do cortiço, estas são mais fortes, enfim.
(Figura 6 - Colônia de Jandaíras em tronco de Imburana, pelo barulho, muito forte)
(Figura 7 - Abelha Jandaíra em tronco de Cumaru)
(Figura 8 - Entrada de abelha Jandaíra em tronco de Catingueira)
A conversa que tivemos, fundamentou-se, basicamente, em o modelo ideal de caixa a ser utilizado, dependendo dos objetivos traçados; a construção de um meliponário; como realizar a divisão das famílias, apontando-a como a tarefa mais nobre da meliponicultura; a transferência dos enxames do toco para a caixa racional; e principalmente, a manutenção dessas abelhas em seu habitat natural para o perfeito equilíbrio da natureza.
Finalizamos nossa conversa firmando uma parceria e o nosso retorno para iniciarmos as atividades, aproveitando para saborear uma típica galinha caipira.
Espero que, dentro de pouco tempo, o senhor Ranildo possa perceber a importância dessas abelhas para o meio ambiente, conscientizando-se que a retirada destas não é importante.
São Paulo do Potengi-RN, 23 de julho de 2011.
João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes
Amigo João Paulo,
ResponderExcluircom certeza,em breve teremos mais um meliponicultor,dominando as técnicas racionais de criação das abelhas nativas e mais um defensor da nossa caatinga,pois esse é o caminho,que nos leva à alcançar o "sucesso":conseguir transformar os apaixonados pelas asf,em meliponicultores responsáveis.
Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
Olá amigo Paulo Romero,
ResponderExcluirVamos trabalhar para que ele e tantos outros que utilizam a meliponicultura de modo predatório, desperte o interesse e adote práticas racionais de criação. Deixando assim, de caçar abelhas e, por conseguinte, destruí-las.
Um abraço.
João, parabéns belo belo e instrutivo blog. Gostei do que vi e li! Iniciei-me na meliponicultura tem pouco tempo, razão de minha visita ao Isaac, do Abelhas do Sabugi em Várzea na Paraiba, onde aprendi muito, na prática, junto com ele e Paulo Romero. Notei que essa característica de afabilidade e carinho ao chegante, é comum nas pessoas do nordeste brasileiro, que muito me cativou. Amo abelhas nativas, e hoje tenho umas caixas de jandaira que comprei do Isaac, enxames fortes, uma única de M. asilvai (escuta, é asilvai ou asilvae?)... além de espécies do Mato Grosso, como a mandaguari, a uruçu amarela (rufiventris), uma unica de manduri do Mato Grosso (essa é rara),também as populares jatais e mais duas "lambe-olhos". Como todo iniciante, quero ter de tudo um pouco...rs! mas minha meta principal é ampliar meu plantel daquelas Meliponas locais, principalmente da rufiventris e da manduri do Mato Grosso.
ResponderExcluirAbraços.
José Luiz - de Cuiaba - MT.
Caríssimo José Luiz,
ResponderExcluirMuito obrigado pela visita e pela reverência.
Quanto a sua incipiência na meliponicultura, seja muito bem vindo, naquilo que acredito ser uma das atividades mais aprazíveis e mais respeitosas, ecologicamente falando (rs rs visão da apaixonado).
A quem mencionas - Paulo Romero e Isaac, sem palavras. Mas, sem dúvidas, grandes amantes destas abelhas e grandes mestres. apesar de não os conhecê-los pessoalmente, tenho grande estima e guardo grandes ensinamentos. Um dia, quem sabe, irei até eles ou virão até aqui.
Quanto a hospitalidade do povo nordestino, digo, pois, é uma característica marcante.
O nome científico da Rajada é Melipona Asilvai.
Amigo, um abraço fraterno.