terça-feira, 15 de novembro de 2011

O encontro dos meliponários, ou melhor, dos meliponicultores

Neste domingo, 13 de novembro de 2011 fomos até a cidade de João Câmara-RN visitarmos os amigos Everson e Júnior do Meliponário Baixa Verde e o amigo Obede Silva do Meliponário Mato Grande.

(Figura 1 - Encontro dos Meliponários)

(Figura 2 – Meliponário Mato Grande)

Temperatura elevada, manhã de sol encoberto pela formação de nuvens que, ameaçava, vez por outra, o andamento dos nossos trabalhos, enfim. Ao chegarmos à residência do Sr. Obede, de imediato nos dirigimos às dependências do meliponário, que por sua vez, fomos logo surpreendidos com as graciosas Uruçus (Scutelaris) que se deliciavam de um banquete a base de melancia e açúcar que, diga-se de passagem, tratava-se das últimas “garfadas” (gotas). Segundo o mesmo este tipo de alimentação utilizada é bem prática, pega-se uma fatia de melancia, lembrando que esta deve ser consumida quase em sua totalidade (não vá comer a melancia toda e deixar apenas a casca para as abelhas, lembra rs rs), em seguida, coloca-se o açúcar sobre a fatia, espera-se que este seja diluído, utiliza-se pequenos gravetos para que as abelhas não se afogue, depois é só deixar nas imediações do meliponário. (É bastante apreciado pelas abelhas, principalmente pelas Uruçus, comenta).

(Figura 3 – Abelha Uruçu na coleta do alimento)

Uma técnica interessante usada pelo Obede é a utilização de gesso para a vedação das caixas, segundo ele, é eficaz, ganha tempo, além do baixo custo.

(Figura 4 - Detalhe do gesso nas laterais da caixa)

Este cupinzeiro, ao qual está alojada uma Cupira foi envolto com gesso, pois irá conter o processo de deterioração ocasionado pela ação do tempo.

(Figura 5 - Partamona Seridoensis)

Aproveitamos a oportunidade para fazermos a recuperação de uma colônia de Uruçus que, segundo Obede, já vinha há algum tempo apresentando sinais de enfraquecimento, provocado, principalmente pelas altas temperaturas neste período do ano em nossa região. Ao abrirmos a caixa verificamos alguma postura, que por sinal, bem desregulada, muito embora, quando tivemos acesso a estrutura das crias percebemos que estas não haviam se desenvolvido, daí o fato a que se atribuiu às temperaturas elevadas.

(Figura 6 - Estrutura do ninho)

(Figura 7 - Definhamento das crias)

Outro ponto, e bem particular, diz respeito ao uso de garrafas pet para a proteção contra as lagartixas, como pode-se verificar na imagem abaixo.

(Figura 8 -  Preparo das garrafas)

Outra coisa que presenciamos, e um fato raro nos dias de hoje, principalmente pelo elevado índice de destruição do habitat natural, a mata atlântica por exemplo, berço natural das Uruçus, foi a criação destas abelhas em troncos. Segundo ele, não sabe nem dizer com precisão o tempo em que estas abelhas constituem morada nesse local, tentamos fazer uma conta, na verdade, meio imprecisa, e chutamos por longe, uns 60 anos ou mais, pois, estabelecendo uma linha cronológica, era do pai que passou para o filho que ficou com a viúva que passou para o Obede por não ter mais condições de manejá-las.

(Figura 9 - Abelha Uruçu em tronco)        

Vimos também uma colônia de Moça-branca que fez morada neste pé de limoeiro. Afirma ser proveniente de enxameação das suas.

(Figura 10 - Moça-branca)

Um dia, por demais proveitoso em termo de aprendizado para nós aqui do MCV, vimos a abelha Pimenta pela primeira vez, 

(Figura 11 - Entrada natural da abelha Pimenta)

a Cupira, já fazia muito tempo que não as via, vimos uma grande variedade de espécies convivendo harmonicamente em um mesmo ambiente, enfim, um dia em que mais uma vez tivemos a felicidade de estarmos em meio a criaturas tão doces, frágeis, quase imperceptíveis como o Mosquito-remela uma das menores abelhas do Brasil, e tão importantes para o equilíbrio do meio ambiente.

         (Figura 12 - Abelha Jandaíra em morada natural)

Um grande abraço,


São Paulo do Potengi-RN, em 15 de novembro de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes
                

10 comentários:

  1. Caro amigo João Paulo e com muito agrado que todos nos passamos aquele domingo de aventuras no Meliponário Mato Grande em meio às abelhas nativas, e momento também de edificarmos nossos conhecimentos é união por esta atividade tão especial que é a meliponicultura.
    Everson
    (Abraço do Meliponário Baixa-verde)

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  2. Meu amigo João Paulo,

    parabéns pela bela e importante postagem,pois além de detalhar o manejo,vc nos relato uma coisa muito importante nesses dias atuais:a união de meliponicultores,com o mesmo objetivo e com a mesma intenção:divulgar a meliponicultura e proteger as abelhas nativas...

    Abração.
    Paulo Braz.
    Meliponário Braz.

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  3. olá amigo, na proxima viajem para natal gostaria de visitar seu meliponario e quem sabe comprar uma caixa de alguma abelha que ainda nâo tenho, as minhas sâo jandaira, moça branca e mosquito.
    contato: sergioskmais@hotmail.com

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  4. Ok meu caro,

    Muito obrigado pela visita e quando quiser visitar-nos, pode vir qualquer dia. É só entrar em contato.

    Um abraço.

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  5. Olá,
    muito interessante tuas postagens,
    sou gaúcha, mas sinto por aqui quase ninguém dar valor as asf, vejo que aí na tua região elas já são mais valorizadas
    me chamou muito a atenção essas uruçus em troncos, sem dúvida são um grande tesouro...
    abraços, Rosangela (tbm curso história)
    blog: desabafodanatureza.blogspot.com

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  6. Saudações Rosângela,

    Muito grato pela visita.

    É verdade, aqui no Rio Grande do Norte tem bastante criadores e defensores dessa causa.

    Com relação às Uruçus em tronco, acredito que existe em todo o Brasil, principalmente em sua região de origem (Mata Atlântica) em número bastante reduzido. Isso, em se tratando de História do Brasil é proveniente, acredito, do período da colonização, como? A utilização da faixa litorânea para a monocultura canavieira que, por sua vez, devastaram extensas áreas para a instalação da empresa rural. Este processo contribuiu significativamente para a quase extinção de uma variedade de seres, dentre estes A Uruçu que beira a lista, ficando restrita a poucos criadores.

    Atinente à História... fascinante.

    Um grande abraço.

    João Paulo.

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  7. Olá amigo,
    Aqui no sul a gente resolveu criar uruçu (scutellaris), só que encontramos na frente de uam das caixas uma rainha fisiogástrica morta, parece que estava meia suja de mel.
    Será que é possível a colméia ter matado a rainha?
    A gente abriu o ninho e não observou nenhuma rainha.
    abraços,

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  8. Olá Rosângela,

    Mais uma vez muito obrigado pela visita, quaisquer dúvidas, fique à vontade.

    Que situação difícil essa hein? Apontar algo que possa está acontecendo com suas Uruçus é algo, no mínimo, complicado para mim, complicado, pois não possuo esta espécie, ainda estamos vendo a possibilidade de adquirirmos alguns exemplares, por que nossa região é bastante castigada pela estiagem, de clima predominantemente seco, o que dificulta o processo de adaptação das Uruçus por essas bandas, são objetivos futuros...

    Mas, vamos lá. Vou tentar elencar algumas possíveis situações que possam está ocorrendo com suas abelhas.

    Em primeiro lugar, ti repasso que, o pouco que sei a respeito desta espécie é fundamentado em algumas leituras e não pelo convívio (experiência própria), o que dá margem para informações desencontradas.

    Rosângela, só uma dica: observe suas abelhas, crie, invente, descubra, enfim, o contato mais íntimo com suas abelhas lhe trará, satisfatoriamente, segurança na hora de realizar algum manejo e, também de desvendar um "mistério" como este.

    Segue algumas ponderações:

    As colmeias estão muitos próximas umas das outras? As Uruçus são bastante territorialistas, é comum acontecerem brigas por espaço, por alimento;

    Você está alimentando seus enxames? Internamente ou externamente?;

    O que pode vir a acontecer também é que enxames mais fortes estejam saqueando os mais fracos;

    Você observou o estado dessa rainha? Por exemplo, as asas estavam desgastadas? apresentavam sinais evidentes de enfraquecimento - idade, postura irregular (falhada)? Quando a rainha se encontra nesse estágio é natural que as próprias operárias a substituam, pois ela não consegue mais manter a harmonia na colônia, em virtude de suas capacidades feromonais já debilitadas, enfim, dentre outros fatores.

    Você tocou na rainha, o que pode ter deixado seu cheiro nela?

    O enxame está fraco ou forte?

    Se tiver fraco e sem rainha nova você vai ter que ofertar crias maduras (prestes a emergir), alimento e uma rainha fisiogástrica e ainda campeiras, para a recuperação deste.

    O que geralmente acontece, é justamente a substituição da rainha velha por uma nova. Venha a ser isso, se ela se encontrava na frente da colmeia apresentando sinais de velhice - substituição natural.

    Um grande abraço,

    Espero não ter complicado mais.

    João Paulo

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  9. Olá,
    elas estão sendo alimentadas internamente, estamos dando mel de jatai, estão aceitando bem. não são tão fortes, mas estão chgando carregadas de polém e nectar. Como elas vieram não faz muitos dias, a rainha desse enxame nós não tinhamos visto, mas quando encontrei ela morta ela não tinha sinal de que foi morta pelas operárias.
    Estou achando que ela morreu durante a viagem, fazia uns dias muito quente, talvéz tenha sido isso.
    Mas valeu pela resposta...
    obrigada, abraços

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  10. Olá amigo,
    Muito obrigado pela mensagem,
    Desejo para vc e tua família em ano cheio de paz e alegria e que Deus esteja sempre com vc, seus familiares e amigos.
    Gostei muito do teu comentário sobre apostagem, aqui em minha casa todos lelem o que vc comenta sobre as postagens,
    Um grande abraço e feliz natal meu e de meus familiares...

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