quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dúvidas frequentes 2



Caríssimo Raul,

Esta semana recebemos um e-mail do Raul de Minas Gerais. Sucedeu-se da seguinte maneira:

Em sex, 15/6/12, Raul <rauldasiveira01@yahoo.com.br> escreveu:
Assunto: Caixa INPA?
Para: "jpabelhas@yahoo.com.br" jpabelhas@yahoo.com.br
Data: Sexta-feira, 15 de Junho de 2012, 5:24

Vou tentar te responder diante da experiência adquirida na lida com as ASF no dia a dia, levando em consideração os aspectos relacionados à minha região (RN - Sertão), que, possivelmente é diferente da sua, apesar de que MG apresenta um pouco dessa conformação geográfica (Caatinga). 

1 - Olá meu nome é Raul sou de MG e gostaria de ti pedir uma força, pois gostaria de fazer a caixa INPA a qual tÊm muitas nas fotos no seu blog, peguei um material na internet mais creio que seja fraco pois não consigo ver a caixa do exemplo com exatidão, por este motivo gostaria que se for possível você me mandasse as medidas e fotos das suas. Pelo que vi as divisões são estas: 1.lixeira 2. Ninho 3. Sobreninho 4. Melgueira 5.Tampa.

A caixa INPA que trabalhamos aqui, suas medidas foram adaptadas obedecendo nossa realidade (disponibilidade de madeira, a facilidade de confecção, mais ajustada ao manejo que executamos, enfim). Suas dimensões variam conforme a espécie, ou seja, se é para a acomodação das Uruçus tem uma medida, se é para Jandaíra tem outra, Rajada e etc. Mas todas são construídas da mesma forma, variando apenas as medidas conforme explicitado. Você tem que observar quais se adéquam melhor a espécie.

As medidas para Jandaíra são: 16 X 16 X 07 (são válidas tanto para o ninho como para o sobreninho e melgueiras). Usamos um fundo pregado no ninho, não utilizamos lixeira; um sobreninho, contendo na região inferior (passagem do ninho para o sobreninho) uma auréola, podendo o conjunto de crias atingirem as tariscas da 1ª melgueira; 1ª e 2ª melgueira, contendo tariscas na parte inferior como suporte para que as abelhas depositem pólen e mel e uma tampa. A caixa inteira é formada por 5 partes, algumas imagens no blog encontrarás duas ou três partes em uma colônia ou outra, é que, inicialmente fazemos as divisões e utilizamos apenas 2 partes, a medida que o enxame vai se desenvolvendo vamos adicionando as outras.

Com relação as imagens você pode verificar em postagens anteriores no blog. (Ex. Dividindo as famílias) têm umas imagens bem compreensíveis.   

2 - Observei alguns vídeos do pessoal fazendo aquela isca pet! Se eu fizer uma isca de própolis e cera e álcool pra banhar a garrafa e fazer todo aquele procedimento de colocar a cera na tampa furada e talvez seja possível conseguir atrair estas abelhas? Ou só na mata mesmo?

O que eu vejo comumente na internet, essa técnica funciona perfeitamente com as abelhas Trigonas (Jataí, Iraí... Mirins de uma forma geral). Eu particularmente nunca usei a isca com garrafas pet, o que estou testando no momento são caixas em que já foram povoadas, ou seja, se transfere uma abelha para uma caixa nova, por exemplo, aí pego a velha (esta vai com o cheiro, restos de batume, cera, resina, túnel de acesso feito, enfim, o que a torna bem mais atrativa) e vou espalhando nas proximidades do meliponário em locais estratégicos. Este ano já pegamos duas Jandaíras.

Pode funcionar também com as Meliponas, mas acho mais demorado. Uma isca pode permanecer no local durante anos e acontecer de não se capturar uma colônia, exceto de formigas que adoram a moradia. É aí onde entra o cuidado para que isso não ocorra, caso contrário torna mais difícil a captura.      

3 - Na minha casa existem muitas árvores frutíferas e logo de manhã vêm abelhas de todos os tipos pegar pólen e néctar, gostaria da opinião de alguém experiente.

Se nas proximidades de seu meliponário existe a ocorrência de colônias naturais é bem possível que você tenha êxito em suas capturas. Caso se trate de área urbana, e não exista, colônias naturais, você pode ir fazendo as divisões das suas abelhas sem se preocupar com capturas.

Pode funcionar também com as Meliponas, mas acho mais demorado. Uma isca pode permanecer no local durante anos e acontecer de não se capturar uma colônia, exceto de formigas que adoram a moradia. É aí onde entra o cuidado para que isso não ocorra, caso contrário torna mais difícil a captura.      

Espero não ter complicado.
Qualquer dúvida mande as ordens.

Cordialmente,

Estamos abertos a novos questionamentos, outros pontos de vista.

Um grande abraço,

São Paulo do Potengi/RN, em 21 de junho de 2012


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Dúvidas frequentes 1


Decidimos tornar postagens as dúvidas dos nossos colegas, que vez por outra chegam ao e-mail, ou mesmo em comentários no blog. Foi o que fizemos com o comentário do caro Júnior da cidade de Cáceres no Mato Grosso.  


Caríssimo Júnior,

Em primeiro lugar vá me desculpando a demora, estive meio ocupado estes dias.

Vosmecê expôs seu conhecimento, agora vamos ao que penso sobre isto, apesar de nunca ter visto a abelha Tubiba.   
Assunto: [Meliponário Campos Verdes] Novo comentário em A abelha Tubiba.
Para: jpabelhas@yahoo.com.br
Data: Quinta-feira, 14 de Junho de 2012, 19:58
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A abelha Tubiba": 

Muito grato pela participação no blog. Isto é relevante para a construção do conhecimento na medida em que defendemos nosso ponto de vista. A meliponicultura só tem a ganhar. 

1 - Num outro blog, o Abelhas de Ouro, diz que a mesma Tubiba é a Canudo... E não tem as pontas das asas brancas não!!!!

Várias espécies de ASF podem sofrer alterações no que se relaciona ao seu nome popular de uma região para outra. 

O que eu sei te dizer é que a Tubiba daqui do Nordeste (Área de Caatinga) é uma Scaptotrigona e estas, assim como as Partamonas, são bem semelhantes, até no próprio nome, como por exemplo: Tubi, Tubuna, Tubiba e estes nomes podem facilmente sofrer variações, ou mesmo, pode acontecer de duas espécies possuírem o mesmo nome. Se eu não me engano, já li em algum artigo sobre a existência de uma abelha nativa da região amazônica que possui o nome de Jandaíra, o que pode-se afirmar que trata-se de um homônimo perfeito com a nossa Jandaíra (Rainha do Sertão - endêmica da região semi-árida do Nordeste brasileiro), o que as diferenciam neste caso é o nome científico.  

O que pode acontecer também é que uma determinada espécie tenha vários nomes. O que está em jogo aí são as questões culturais de cada povo, ou seja, atribui-se um nome a algo levando-se em consideração elementos dessa cultura, situações do cotidiano, aspectos comuns que expressam familiaridade. Vamos deixar isto para os antropólogos. 

Onde estou querendo chegar? Aqui, por exemplo, na "minha" região existe uma abelha conhecida como Rajada, mas em outras localidades é conhecida como: Uruçu Mirim; Papa Terra, Maduri, e por aí vai.
Aqui em nossa região a Tubiba não é mesma Canudo (cabe definição de diferenciação num outro momento).

E dificilmente, a abelha do Meliponário Abelhas de Ouro, ou mesmo a que você conseguiu será a "nossa" abelha Tubiba. Como se sabe as abelhas nativas são estreitamente ligadas ao espaço geográfico... A vegetação, o clima dentre outros elementos que, estão sistematicamente entrelaçados, é o que dá sustentação a toda essa cadeia a que chamamos de ecossistema.

Por essa razão é que não se permite o transporte de abelhas nativas para regiões em que não são de sua ocorrência.

Dificilmente, ainda, talvez eu não tenha tanta propriedade para essa discussão, a mesma abelha Tubiba nativa da região semi-árida não habitaria, ou melhor, não seria nativa de regiões como a Pantaneira, Mata Atlântica ou Faixas Litorâneas.                
        
2 - Também não fala de nenhum cheiro característico.
Com relação a este cheiro, eu não sei te responder, pois não tive contato com esta espécie, quem me repassou esta informação foi o amigo Rivan do Meliponário do Litoral, este sim é uma autoridade no assunto e tem toda a propriedade para falar-nos a respeito. 
3 - É muito complexo detectar espécies de abelhas...
Aqui no Rio Grande do Norte, não existe uma variedade imensa de espécies de abelhas nativas, e estas possuem características distintas, por essa razão já facilita a sua identificação.  
Abraços...

Júnior Paulo Zocal,
Cáceres MT.

Cordialmente,
João Paulo Evangelista de Medeiros
São Paulo do Potengi/RN
Meliponário Campos Verdes

Obs.: Estamos abertos às críticas, temos pouco tempo na atividade e persiste diversas dúvidas, à medida em que vamos dia a dia manejando estas abelhas.

Vamos alimentar esta corrente, podem ficar à vontade para mandarem apontamentos.


Um grande abraço


São Paulo do Potengi/RN, em 20 de junho de 2012.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

   

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A meliponicultura na escola


Em meio às agruras vividas pelos nordestinos, em virtude da seca que assola grande parte do Nordeste brasileiro, e estamos inseridos nesse contexto, temos uma razão para nos alegrarmos. Esta semana, precisamente nesta data, alunos, professores, direção e funcionários da Escola Municipal Deputado Djalma Marinho (a qual faço parte como professor de História e Ed. Física) se voltaram para a discussão e prática de temáticas alusivas ao meio ambiente.

Foram trabalhados conceitos como: ecossistema, ecologia, animais em extinção, aquecimento global, poluição, desequilíbrio ecológico, desmatamento e exemplos de desenvolvimento sustentável; além da exposição de vídeos sobre aquecimento global, lixo; e apresentações de paródias de autoria dos alunos.

(Figura 1 – Alunos durante a exposição da paródia)

(Figura 2 – Exposição de vídeo sobre aquecimento global)

Como cada professor teria que trabalhar algo relacionado, não perdemos tempo em levar a meliponicultura para o espaço escolar.

(Figura 3 – Turma do 7º Ano A observando uma colônia de Jandaíras)

(Figura 4 – Colônia de Jandaíras)

Uma experiência bem gratificante observar os alunos atentos, uns curiosos, outros mais temerosos por associar abelhas a ferroadas.

(Figura 5 – "Se elas escapassem?" indagou)

Após a conversa com os alunos do 7º Ano, que basicamente fundamentou-se em: os produtos destas abelhas, a diferença entre a abelha de ferrão e as abelhas nativas, a polinização, fatores que contribuem para  o desaparecimento destas a sustentabilidade, dentre outros abordados de forma mais sucinta. Em seguida,     fui convidado a falar sobre a importância das abelhas para o meio ambiente no auditório para todas as turmas e professores. Infelizmente o tempo era reduzido, pois, com certeza a conversa fluiria minutos a mais. 

(Figura 6 – Durante a explanação)

(Figura 7 – Comentando as diferenças entre os dois gêneros)


Ao final das atividades realizamos o plantio de duas mudas de João Mole, planta nativa de nossa região, com a participação de alunos e professores.

(Figura 8 – Preparando a cova)

(Figura 9 – Preparando a muda)

(Figura 10 – Plantio)

(Figura 11 – Rega)

(Figura 12 – Identificação)

(Figura 13 – Trabalho concluído)


Façamos nossa parte, ações mínimas que possam parecer, já é de grande valia para o nosso meio ambiente e, mais ainda, quando há o envolvimento de crianças e jovens que, sem dúvida, serão o futuro da nação, se forem bem direcionados.

Outros registros:

(Figura 14 – Meu pai ladeado dos alunos)

(Figura 15 – Ao lado dos alunos)


(Figura 16 – Professores acompanhando o plantio)


(Figura 17 – Alunos realizando a coleta do lixo na escola)




Um grande abraço,


São Paulo do Potengi/RN, em 06 de junho de 2012.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes