quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cera artificial para abelhas nativas

Outro dia, vasculhando a Internet à procura de conhecimentos que pudesse utilizar na lida com as abelhas, encontrei no blog do amigo Isaac Soares - abelhasdosabugi.blogspot.com uma postagem muito interessante, não apenas, mas, com certeza, adicionaria um ícone que, contribuiria significativamente para o avanço da meliponicultura.

Trata-se da fabricação de cera artificial para as abelhas nativas. Esta manifestação brilhante de inteligência do caríssimo Isaac, sem dúvida, vai nos ajudar bastante no manejo com as nossas abelhas. Por tanto, nobres colegas leitores, fizemos a tentativa na construção dos potinhos artificiais, e os resultados têm sido satisfatórios.

Vejamos a seguir os procedimentos, passo a passo, quando da construção dos mesmos:

Nós utilizamos 500g de cera de Apis, 100g de cera de Jandaíra e 50 ml de óleo vegetal (óleo de comida).

(Figura 1 – Reúna os ingredientes)

Detalhe, escolha aquela panela que já foi aposentada, que se encontra lá no fim do armário, para não haver problemas, já que vai melar tudo de cera.

Após a escolha da panela, deposite a cera de Apis, o cerume e, em seguida, o óleo.

(Figura 2 – Unindo os ingredientes)

Feito isso, leve ao fogo, ponha tudo em banho maria. Atenção, não deixe ferver em demasia, caso contrário, a mistura pode borbulhar e melar todo o fogão, aí fica complicado! (rs)

(Figura 3 - Levando ao fogo)

Quando a mistura estiver em estado líquido, desligue o fogo, espere uns três minutinhos até esfriar um pouco, em seguida, proceda com a operação.

(Figura 4 - Mistura em estado líquido)

Só lembrando, colocar os pauzinhos (forma) na água quando for iniciar todo o processo, pois a cera se desprenderá com mais facilidade.

(Figura 5 - Estes devem permanecer por cerca de 10 minutos imersos)

Utilizamos pedaços de cabo de vassoura, pois estes assemelham-se mais com os potes nos quais as abelhas armazenam seu alimento.

(Figura 6 - Forma feita com cabo de vassoura)

Introduza a forma na mistura, em seguida, na água fria para a cera desprender. É necessário a imersão da forma de três a quatro vezes, para enrijecer o potinho.

(Figura 7 - Imersão na mistura)

(Figura 8 - Depois na água fria)

Realizado tal procedimento, retire o potinho com cuidado da forma.

(Figura 9 - Retirando com cuidado o potinho)

(Figura 10 - Potinho pronto)

Utilize formas conforme o tamanho da espécie. Aqui no meliponário, por exemplo, nós vamos usar para as Jandaíras e para as Rajadas.

(Figura 11 - Formas de diferentes tamanhos)

(Figura 12 – Trabalho finalizado)

Os resultados da aceitação da cera artificial pelas Jandaíras podem ser verificados na imagem abaixo:

(Figura 13 - Aceitação da cera artificial pelas Jandaíras)

Outro fator que gostaríamos de mencionar é que, mesmo sendo utilizado na mistura cera de Jandaíra, as Rajadas estão aceitando normalmente. Porém, isto será assunto da próxima postagem.

(Figura 14 - Introdução dos potinhos pré-prontos em abelha Rajada)

Seria uma injustiça não darmos todo o crédito ao amigo Isaac, este merece todas as felicitações, por uma descoberta, no mínimo, genial e que, só vem a somar e contribuir para uma atividade que ainda rasteja e encontra dificuldades no âmbito da legalidade.


Um grande abraço,


São Paulo do Potengi-RN, 29 de junho de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

                 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Dividindo as famílias

O período das chuvas aqui no sertão nordestino é tempo de fartura, de bonança, é tempo de ventura para o homem do campo.

Os passarinhos vão se aninhando...

(Figura 1 - Ninho de João de barro)


O gado vai engordando...

(Figura 2 - Conduzindo o gado para o cercado)


O roçado vai prosperando...

(Figura 3 - Jerimum de leite)


As galinhas no terreiro...

(Figura 4 - Minha mãe alimentando as galinhas pela manhã)


Muita água no barreiro...

(Figura 5 - Este barreiro mata a sede do gado e das abelhas africanizadas durante a seca)



Desabrocha flor de facheiro...

(Figura 6 - Pé de facheiro)


No riacho a água correndo...

(Figura 7 - Riacho da serra)


As árvores vão florescendo...

(Figura 8 - Florada da amorosa)


E as abelhas vão crescendo.

(Figura 9 - Matriz de Jandaíra)

É justamente quando se verifica o crescimento significativo das colônias que, deve-se proceder com as divisões. Nós aqui do Meliponário realizamos nossas divisões no período de maio a junho ou julho, isso vai depender das chuvas. Este ano, por exemplo, foi constatada a pega do inverno (período chuvoso) em março, muito embora, as chuvas deram boas vindas em janeiro. Um ano muito bom de inverno, como diria o agricultor.

Um ano bom de inverno, grosso modo, seria aquele que nem chove de mais e nem de menos, como? Se chover de mais embebeda a terra (aqui na Caatinga os solos são predominantemente rasos), propensos a encharcar, desta maneira, inviabilizando a agricultura. Se chover de menos não umedece a terra o suficiente para o pleno desenvolvimento das culturas anuais: milho, feijão, jerimum, melancia.

Este ano as chuvas estão bem distribuídas... O agricultor só tem a agradecer. Boa safra de milho e feijão; formação de pastagens para os rebanhos; reservatórios de água cheios; as abelhas fazendo mel...

Voltando ao processo de divisão das famílias, nós procedemos da seguinte forma:

Sempre realizamos nossas divisões quando existe floradas em abundância; outro fator é a verificação das colônias mais fortes, ou seja, aquelas com maiores reservas de alimento, campeiras e crias prestes a emergir; outro fator que julgamos oportuno mencionar é que, efetuamos tal procedimento sempre em dias ensolarados e, preferencialmente, sem ventos; mais um detalhe, fazemos nossas divisões no processo 2X1, melhor dizendo, uma colônia oferta crias e alguns potes de pólen e a segunda doa as abelhas campeiras.     

Passo a passo

Prepare a caixa que vai ser formada;

 (Figura 10 - Cera para a formação posterior do túnel; alimentador, estrutura para receber as crias)

(Figura 11- Armadilha para a captura de Forídeos)

Identifique a colônia que vai doar as crias e potes de pólen;

(Figura 12 - Percebe-se o estágio avançado de nascimento das crias)

Retire as crias / pólen e acomode-os na caixa;

 (Figura 13 - Acomodação das crias)

(Figura 14 - Acomodação do pólen)

Monte a caixa se esta for modulada;

(Figura 15 - Montando a caixa)

Faça a vedação da caixa com fita adesiva;

(Figura 16 - Pai fazendo a vedação da caixa)

Identifique a colônia que vai doar as campeiras;

(Figura 17 - Colônia doadora de campeiras)

Retire-a do seu local de origem e coloque esta colônia em outro lugar, de preferência no sentido oposto do meliponário;

(Figura 18 - Trocando a colônia de lugar)

Feito isso, instale a caixa (filha) no local;

(Figura 19 - Só lembrando, devemos colocar um pedacinho de cera na entrada para ajudá-las na orientação)

Agora espera-se uma semana, caso não haja infestação de Forídeos ou verificado quaisquer problemas.

Tudo ok, retira-se o copinho e oferta-se um pouco de cera e mel de apis para ajudá-la em seu desenvolvimento;

(Figura 20 - Ofertando cera artificial e mel de abelha africanizada)

(Figura 21 - Em apenas uma semana já existe uma rainha )

Devemos acompanhar a colônia recém formada durante um mês ou dois, após este período ela mesma se encarregará do restante.

Um grande abraço,

São Paulo do Potengi-RN, 28 de junho de 2011.

João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes


terça-feira, 21 de junho de 2011

Calendário de floradas 1

Segue abaixo uma representação esquemática que foi traçada a partir das nossas observações, em trabalho de campo, tendo como embasamento teórico a obra “A abelha Jandaíra” do saudoso Monsenhor Huberto Bruening.

Este quadro mostra, sinteticamente, um calendário de floradas que vai de janeiro a junho, identificando as principais espécies vegetais nativas, procuradas pelas Jandaíras na busca pelo néctar e pólen, como também o nome científico, o nome popular, o início, o término e o ano das floradas.


CALENDÁRIO DE FLORADAS
Nome Popular
Nome Científico
Início
Término
Ano
Velame
Croton campestris
Janeiro
Fevereiro
2011
Marmeleiro
Croton sonderianus
Fevereiro
Fevereiro
2011
Catingueira
Caesalpinia pyramidalis
Março
Março
2011
Jucá
Caesalpinia ferrea
Março
Março
2011
Mofumbo
Combretum leprosum
Maio
Maio
2011
Mussambê
Cleome spinosa
Janeiro

2011
Xanana
Turnera ulmifolia
Março
Junho
2011
Cabeça de velho
Cephalocerens senilis
Maio

2011
Jitirana
Ipomaeia acuminata
Maio

2011
Malva branca
Sida cordifolia
Junho

2011
Mucunã
Dioclea grandiflora
Maio
Junho
2011
Mororó
Bauhinia spp
Maio
Maio
2011
Urtiga Branca
Cnidoscolus urens
Maio

2011
Sarjadeira
Mimosa sp
Junho

2011
Mata pasto
Sena spp
Março
Junho
2011

Existe uma grande possibilidade de variação destas floradas, isso se dá em virtude da oscilação dos fatores climáticos de nossa região. Ano passado, por exemplo, em que a precipitação pluviométrica não atingiu os 300 mm, muitas plantas não franquearam suas inflorescências, guardaram suas mínimas reservas d’água para resistirem às fortes temperaturas que assolaram nosso Sertão.

O ano de 2010 para o rurícola, foi um dos anos mais secos que já presenciei, inviabilizando, desta forma, a agricultura, a pecuária, até mesmo, a apicultura e a meliponicultura. Trazendo sérios prejuízos sócio-econômicos para o homem do campo, não para este apenas, mas existe todo um comprometimento da estrutura social como: a elevação no preço dos alimentos e tantos outros que emanam da relação campo cidade.

Este ano nosso querido São José, para quem o homem do campo direciona suas preces, e conceda a graça de um ano chovedor, tem sido bastante generoso. Já choveu para mais de 1000 mm, quando a média, aqui em nossa região é em torno de 500 a 600mm.

Obs.: As floradas que não foram preenchidas são por que ainda se encontram em floração, com previsão para seu término no fim do período chuvoso que, é de julho para agosto segundo as previsões cientificas ou meteorológicas.

Abaixo as imagens das floradas por nós observadas:

(Figura 1 - Velame)

(Figura 2 - Marmeleiro)

(Figura 3 - Catingueira)

(Figura 4 - Jucá)

(Figura 5 - Mofumbo)

(Figura 6 - Mussambê)

(Figura 7 - Xanana)

(Figura 8 - Cabeça de velho)

(Figura 9 - Jitirana)

(Figura 10 - Malva branca)

(Figura 11 - Mucunã)

(Figura 12 - Mororó)

(Figura 13 - Urtiga branca)

(Figura 14 - Sarjadeira / Amorosa)

(Figura 15 - Mata pasto) 

(As fotografias do Velame e do Mofumbo foram adquiridas da internet - Meliponário do Sertão e Meliponário Monsenhor Huberto respectivamente).

Um grande abraço,

São Paulo do Potengi-RN, 21 de junho de 2011.

João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes